Conteúdo publicado há 2 meses

Conflito entre narcotráfico e governo paralisa Rosário, na Argentina

A cidade de Rosário, terceira mais populosa da Argentina, viveu um dia de paralisação total dos serviços após quatro homicídios nas últimas 36 horas, uma retaliação de grupos narcotraficantes a políticas mais duras de inspeções nas prisões locais.

O que aconteceu

A cidade de 1,3 milhão de habitantes ficou paralisada sem transporte público. Serviços de táxi foram suspensos entre as 22h e 6h, e a coleta de lixo também não será realizada. Os serviços de saúde estão abertos, mas com segurança reforçada. Escolas e outras instituições de ensino não abriram as portas.

Os narcotraficantes mataram dois motoristas de ônibus, um taxista e um frentista. Ameaças ao governador e ao ministro de Segurança do distrito de Santa Fe, onde Rosário está localizada, também foram espalhadas nas ruas, segundo o jornal El Clarín.

Bilhete deixado em cima de corpo da vítima. Os criminosos deixaram um bilhete em cima do corpo do frentista Bruno Nicolás Bussanich, de 25 anos, morto no domingo. Na nota, eles exigem "direitos para os presos" da cidade e ameaçaram "matar mais inocentes". O governo de Santa Fe ofereceu uma recompensa de R$ 58 mil (10 milhões de pesos argentinos) para quem tiver informações sobre o responsável.

Regime de fiscalização surpresa de celas gerou revolta. Há uma semana, o governo de Santa Fe fez uma série de operações surpresas em prisões onde, segundo o governo, estão alguns dos principais narcotraficantes do país —veja na publicação abaixo. "O objetivo é reforçar a vigilância com inspeção em presos de alto perfil, suspeitos ou acusados de ordenar crimes a partir das prisões", diz uma publicação oficial.

As fotos dos presos enfileirados sem camisa, sentados no chão com as mãos amarradas, lembrou táticas usadas em prisões de El Salvador. O país, governado em regime de exceção pelo recém-reeleito Nayib Bukele, promoveu o encarceramento em massa como política pública, apesar de denúncias de violações aos direitos humanos —incluindo prisões arbitrárias.

Ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, disse que os crimes foram cometidos por "narcoterroristas". Ela também afirmou que o governo vai apresentar um projeto de lei para criar o crime de "associação mafiosa" —o que agrava a pena para os acusados de pertencerem às organizações criminosas, independente da hierarquia ou do tipo de delito. O modelo foi adotado por Bukele.

Ministra demitiu chefes do Serviço Penitenciário Federal. O diretor e o vice-diretor do órgão federal foram removidos dos cargos hoje, após uma reunião de autoridades do Comitê de Crise criado para coordenar ações contra os grupos criminosos.

Até agora, saldo de trinta prisões, apreensão de celulares e de munições. As detenções ocorreram ao longo do fim de semana e nesta segunda, disse o governo de Santa Fe.

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Forças Armadas foram convocadas para atuar na cidade. O decreto foi assinado na sexta-feira (8), e a chegada do reforço militar está prevista para a noite de hoje. Outros órgãos federais atuam na cidade, como a Polícia Federal, a Prefeitura Naval, a Polícia de Segurança Aeroportuária e o Serviço Penitenciário.

Rosário tem a maior taxa de homicídios do país. O local também é famoso por ser o município de origem do jogador de futebol Lionel Messi.

*Com informações da ANSA e AFP

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