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Governo de Portugal nega processo de reparação a ex-colônias

O governo de Portugal negou, neste sábado (27), que esteja planejando qualquer "processo ou programa de ações específicas" para reparar ex-colônias pelos danos causados pela escravidão.

O que aconteceu

Reparação histórica fora de cogitação. Em comunicado enviado por escrito para o jornal Público, o governo de Portugal disse que dará continuidade à cooperação de governos portugueses anteriores com as ex-colônias. Mas negou qualquer intenção de reparação histórica.

As relações do povo português com todos os povos dos Estados que foram antigas colônias de Portugal são verdadeiramente excelentes, assentes no respeito mútuo e na partilha da história comum.
Trecho de comunicado do governo português

Comunicado foi emitido após declarações do presidente Marcelo Rebelo de Sousa a jornalistas estrangeiros. Na última terça-feira (23), ele foi questionado sobre a escravidão e reconheceu a responsabilidade de Portugal.

"Vamos ver como podemos reparar isso", disse o presidente português. A declaração repercutiu como uma promessa de reparação para as ex-colônias.

"Temos que pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso"
Rebelo de Sousa

Partidos de direita criticaram Rebelo de Sousa. Suas palavras provocaram a reação forte de alas conservadoras, incluindo o parceiro júnior da coalizão governista Aliança Democrática, o CDS-Partido Popular, e o partido de extrema-direita Chega.

Ações de reparação pela escravidão são demanda histórica de movimentos sociais. Em 2022, entidades do tipo e partidos políticos chegaram a iniciar uma movimentação nesse sentido em Brasília. Mas iniciativas desse caráter nunca prosperaram no Brasil.

Sequestrados

Durante mais de quatro séculos, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram sequestrados, transportados à força por longas distâncias, principalmente por navios e comerciantes europeus, e vendidos como escravos.

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Aqueles que sobreviviam à viagem acabavam trabalhando em plantações nas Américas, principalmente no Brasil e no Caribe, enquanto outros lucravam com seu trabalho.

Portugal traficou quase 6 milhões de africanos, mais do que qualquer outra nação europeia, mas até agora não conseguiu confrontar seu passado e pouco se ensina sobre seu papel na escravidão transatlântica nas escolas.

Em vez disso, a era colonial de Portugal é frequentemente vista no país como fonte de orgulho. Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Timor Leste, bem como partes da Índia, foram submetidos ao domínio colonial português.

*Com informações da agência Reuters

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