Ex-PM envolvido em chacina no Brasil é indiciado por fraudar visto dos EUA
O ex-policial militar José de Abreu Vidal Filho, condenado a 275 anos de prisão pela chacina Curió no Ceará, foi indiciado nos Estados Unidos por fraudar visto.
O que aconteceu
José de Abreu, de 29 anos, não revelou à imigração dos EUA seu envolvimento no assassinato de 11 pessoas no Brasil. Ao ser perguntado em 2017 se já havia sido preso ou condenado por algum crime ou delito, respondeu que ''não''. O indiciamento foi revelado pela Justiça americana na última quinta-feira (30).
Ele foi indiciado por duas acusações de fraude de visto, duas de perjúrio e uma de falsificação e ocultação de fato relevante. O ex-militar compareceu ao Tribunal Federal de Boston na quarta-feira (29), antes de ser detido. Agora, o réu aguarda uma audiência marcada para o dia 5 de junho.
José teve o visto de visitante B2 aprovado 10 dias após a solicitação em 2017. Ele viajou para Miami no dia 30 de maio de 2018. Dois anos depois, pediu Asilo no país e, tendo mentido novamente, passou a ter carteiras de motorista, cartão de previdência social, documentos de viagem e autorizações de emprego.
O réu alegou que omitiu as informações porque na época ainda não havia sido preso. José foi condenado em agosto de 2023 a 275 anos e 11 meses de prisão e teve sua expulsão da PM publicada no Diário Oficial do Estado.
Defesa diz que indiciamento pelas autoridades norte-americanas não relação com fuga ou outra medida de evasão. "Até porque não havia restrição ao seu direito de ir e vir", diz a nota enviada ao UOL.
Na verdade, o preenchimento foi regular, orientado por advogado americano e dentro dos requisitos legais daquela nação. Entretanto, a repercussão do chamado CASO CHACINA DO CURIÓ trouxe luzes mais fortes para o procedimento migratório do indiciado, o que deverá ser apurado, garantindo-se o sagrado direito de ampla defesa, bem como o contraditório e o devido processo legal, levando-se em conta, inclusive, a existência da filha do ex-militar nascida em solo americano.
Defesa de José de Abreu Vidal Filho, em nota
Relembre o caso
Onze pessoas foram assassinadas em bairros da região Grande Messejana, em Fortaleza. O caso ocorreu entre a noite e madrugada dos dias 11 e 12 de novembro de 2015, segundo a denúncia do MP.
A chacina teria ocorrido em retaliação pela morte de um policial. O massacre foi desencadeado horas após o soldado Valtermberg Chaves Serpa ser morto ao reagir a um roubo contra a esposa dele no bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza.
Nenhuma das vítimas tinha relação com a morte do PM e, segundo a denúncia, foram atingidas a esmo. A maioria dos mortos eram adolescentes, e muitas outras pessoas ficaram feridas.
A conclusão do MP é que policiais de plantão e também de folga foram às ruas de três bairros para matar por "vingança". Diante da complexidade do caso, uma força-tarefa formada por 12 promotores investigou o caso. O militares Marcus Vinícius da Costa, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio também foram condenados junto com José.
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