Corpo de montanhista brasileiro dificilmente será recuperado, diz sobrinho

O corpo do montanhista brasileiro Marcelo Motta Delvaux, de 55 anos, morto enquanto fazia trilha no Nevado Coropuna, no Peru, dificilmente será recuperado, de acordo com sobrinho.

O que aconteceu

Segundo o sobrinho da vítima, Yago Motta, uma equipe de resgate privado informou que não terá jeito de recuperar o corpo. "A princípio o corpo não será recuperado, pois se encontra em um local muito profundo e de difícil acesso. São 6.300 m de altitude numa greta profunda. O Consulado Brasileiro em Lima ficou de enviar nova equipe, mas o resgate privado já concluiu essa informação", diz Motta ao UOL.

Montanhista era experiente e estava sozinho. Yago conta que o tio era superexperiente no montanhismo e estava sozinho no momento que morreu. "Era a segunda vez que ele ia nessa montanha e já tinha escalado mais de 150 montanhas diferentes", disse.

Não se comunicar durante prática era comum. De acordo com Yago, era comum que Marcelo não se comunicasse com outras pessoas enquanto praticava o montanhismo. "Ele não se comunicava quando subia a montanha. Só dava pra saber os pontos pelo GPS. [No dia do acidente], descobrimos pela namorada, que percebeu perda de sinal do GPS. Desde o dia 30 não funcionava mais e ela nos avisou na quarta (3)".

Para recuperar o corpo e trazer Marcelo de volta para Juiz de Fora (MG), cidade natal do montanhista, a família fez uma vaquinha. O dinheiro já foi usado, segundo Yago. "A vaquinha era para contratar um resgate privado, porque a polícia não tinha preparo para chegar rápido lá. Os resgatistas foram antes de receberem o pagamento. O valor foi usado para pagamento do socorro e agora para os trâmites para comprovar o óbito", conta o sobrinho.

Reservado e culto. Yago contou que o tio era reservado, sem contar muito da vida pessoal, e também muito culto. "Tinha uma namorada argentina e era extremamente culto. Lia muito, era um especialista em cultura Inca/Andina, sabia muito sobre arqueologia, Amazônia e montanhismo. Não sabemos muitos detalhes dele pois ele era uma pessoa reservada. Ele não gostava de chamar a atenção", conta.

Marcelo se dividia entre a casa que tinha em Juiz de Fora e a Argentina, por causa da namorada. "Ele chegou a morar no Rio de Janeiro para estudar, em Belo Horizonte por um bom tempo e atualmente ele ficava em Juiz de Fora. Na alta temporada ficava em Mendoza, onde a namorada mora", diz Yago.

Largou TI para se dedicar ao montanhismo. "Ele tinha o site 'Espírito Livre', sobre montanhismo. Antes, ele trabalhava como TI. Ele largou a profissão pra se dedicar à guia de montanha já faz uns anos. E como estudava muito sobre montanha e a parte andina, acabava escrevendo no site dele um monte de análises sobre os lugares de montanha", conta o sobrinho.

Em nota enviada ao UOL, o Ministério das Relações Exteriores confirmou que está ajudando a família de Marcelo. "O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil no Peru, tem conhecimento do caso e está em contato com as autoridades locais e com os familiares do cidadão brasileiro para prestar a assistência consular cabível", informou.

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Segundo o Itamaraty, o traslado do corpo não pode ser feito com recursos públicos. O Ministério também informou que não pode passar maiores informações sobre o caso. "O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos."

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