Conteúdo publicado há 1 mês

Análise: Crise com Guiana foi início de distanciamento entre Lula e Maduro

A crise entre a Venezuela e a Guiana com ameaça de invasão foi o que originou o distanciamento entre o presidente Lula e o venezuelano Nicolás Maduro, analisou o professor de relações internacionais da ESPM Leonardo Trevisan durante participação no UOL News 2ª Edição desta quarta-feira (24).

Após ameaça de "banho de sangue" feita por Maduro na última semana caso perca a reeleição no domingo (28), Lula se disse "assustado"com a declaração. Sem citar Lula, o venezuelano disse que "quem se assustou que tome chá de camomila". Maduro também atacou, sem provas, os sistemas eleitorais do Brasil, Colômbia e EUA.

No episódio de Essequibo, o Brasil toma uma posição muito dura e diz para a Venezuela: 'fica na tua, não vai invadir a Guiana coisa nenhuma, porque se você invadir os EUA vão se meter e não queremos americanos aqui'. É essa a questão e [Nicolás Maduro] entendeu o recado. Só que, vamos dizer dessa forma, começou uma certa fratura, um certo distanciamento entre o presidente Lula e Maduro. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

Tenho a sensação que o Maduro escolheu as palavras que têm, na Venezuela, um sentido histórico muito forte. A palavra banho de sangue na Venezuela se refere sempre aos 'caracazos' venezuelanos, são as explosões em Caracas. A gente imagina que a última explosão foi de 1989 com milhares de mortos e que o governo aceitou 300. Não foi não. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

Em 1958 teve o maior caracazo de todos. Milhares de mortos e é sempre a mesma razão. A população mestiça que se aproxima principalmente quando há aumento de preço se comida, de gasolina, coisas desse tipo. Em 89 foi isso e, em 58, lá atrás, foi isso. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

Trevisan apontou marco para os episódios sangrentos de 1989. Anos depois Hugo Chávez assumiria o poder por anos até a morte, tendo Maduro como sucessor.

[Em] 89 marca, de certa forma, o fim de um período de anos dourados na Venezuela em que dois partidos se alternavam no poder: a Ação Democrática, mais de centro-direita; e o COPEI um pouco mais progressista. Os dois se alternavam no poder com muita tranquilidade. E era entre a população de elite. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

Quando olhamos esse quadro, de alguma forma os 'caracazos' provocavam banhos de sangue pela repressão e Maduro escolheu a dedo essas palavras. (...) Ele usou o medo na ação política para tentar abalar. O problema é que a diplomacia brasileira é muito bem posicionada em Caracas e deu um toque ao presidente [Lula] e disse 'vai mudar'. O tom que Lula usou nas agências internacionais foi um aceno à nova situação. Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Continua após a publicidade

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes