Sakamoto: Maduro é tudo o que falam dele, mas oposição também não é santa

Maduro é realmente o que falam dele. Porém, há um déficit no Brasil, e acho que esse é o grande problema, principalmente da imprensa de criticar muito a polarização. Mas, muitas vezes, a gente incentiva uma polarização colocando que, pelo fato do Maduro ser tudo isso que ele é, a oposição é santa. A oposição da Venezuela não é santa não. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto falou sobre o principal adversário de Maduro, o candidato Edmundo González Urrutia, que já apareceu como um dos favoritos nas pesquisas.

Inclusive, o atual candidato, que é a terceira opção, ele é inclusive mais palatável para grupos mais à esquerda. Por isso ele está lá e tem chances reais. Contra a María Corina, que foi ilegalmente rechaçada pelo Maduro, pesa várias acusações que observadores, pesquisadores e analistas apontam como reais. Esse é o ponto. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Guaidó era uma figura terrível. Esse é o ponto interessante: ao longo dos anos, a gente acabou chancelando muitas figuras da oposição venezuelana como se fossem tudo bem, como se depositassem nelas todas verdades absolutas, porque elas estavam contraponto uma pessoa que tem comportamento autocrático. E não é assim. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Depois, no voto, isso tem diferença. Tem uma parte da população que sofre com o governo Maduro e tem uma parte que sofre com os embargos comerciais por causa do governo Maduro. A gente tem que tomar um certo cuidado nesse processo para não deificar a oposição. Lembrando (...) que seria maravilhoso que todos veículos de comunicação do Brasil mandassem jornalistas para lá, exatamente para cobrir e poder ver (...) o que estava acontecendo. A Venezuela está ali. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto também fez questão de ressaltar o papel dos militares nas eleições da Venezuela.

Temos que ver o papel dos militares, que entraram de uma forma muito firme junto ao governo do Chávez e Maduro dentro do estado venezuelano. Controlam parte da economia, de estatais. O que vai acontecer quando eles saírem do poder? Uma solução pressente dos militares ou uma solução pacífica só é possível se considerar que os militares ficarão onde eles estão? E se eles ficarem onde estão, a mudança vai ser real ou vai ser só uma mudança cosmética? Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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