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Fabricante diz que iate que afundou na Itália é seguro e sugere erro humano

Apelidado de 'Bill Gates britânico', Mike Lynch foi a 5ª vítima retirada do mar; ainda há um desaparecido Imagem: Guglielmo Mangiapane/Reuters

Do UOL, em São Paulo

22/08/2024 12h55

A empresa que fabrica o iate que afundou nesta semana, na Itália, reforçou que o modelo é "seguro" e sugeriu que o acidente pode ter sido causado por erro humano. Cinco corpos foram resgatados em quatro dias de buscas, totalizando seis mortes até agora. Uma pessoa continua desaparecida.

O que diz a fabricante

Iate de luxo foi projetado para ser 'absolutamente estável'. Giovanni Costantino, CEO do The Italian Sea Group, disse em entrevista ao Financial Times que a embarcação afundou "porque entrou água", sugerindo que os procedimentos adequados não foram seguidos pela tripulação. O Italian Sea Group é dono de diversas marcas, incluindo a fabricante Perini Navi, que construiu o iate Bayesian.

Água pode ter entrado por abertura na popa que deveria ter sido fechada. A hipótese de Costantino é que o espaço — usado como uma plataforma para mergulhar e um ponto de lançamento para barcos pequenos — permaneceu aberto durante a tempestade, o que causou a inundação. "A tortura durou 16 minutos. Você pode ver isso nos gráficos de rastreamento", afirmou o CEO.

Tripulação 'teve tempo' de colocar o iate em segurança e salvar pessoas. Uma vez constatada a inundação, havia tempo suficiente para retirar os passageiros e colocá-los em botes salva-vidas, acrescentou Costantino. Segundo ele, as imagens da rede de televisão chinesa CCTV que mostram as luzes do barco se apagando são provavelmente do momento em que a água atingiu os painéis elétricos.

CEO também culpou o capitão do Bayesian, James Cutfield. Na avaliação de Costantino, o neozelandês "deveria ter trancado tudo". "Ele deveria ter reunido todos os passageiros em um lugar seguro. Isso é protocolo. Ninguém deveria estar na cabine. [Deveria] ligar o motor, lançar a âncora, apontar a proa para o vento e baixar a quilha. Isso teria dado estabilidade, segurança e conforto [ao iate]", explicou ao FT.

Investigadores não divulgaram as circunstâncias do naufrágio. Apesar das acusações de Costantino, as autoridades dizem não ter conseguido determinar o momento em que o iate começou a encher de água, nem se havia escotilhas abertas ou se a tripulação tentou navegar para longe do perigo. Não foram encontrados vazamentos no casco e o mastro está intacto, segundo a Guarda Costeira italiana.

A tortura durou 16 minutos. O barco não afundou em um minuto. (...) O capitão deveria ter preparado o barco e o colocado em estado de alerta e segurança, assim como o barco [Sir Robert Baden Powell] ancorado a 350 metros de distância, que foi construído em 1957 e respondeu brilhantemente à tempestade. (...) Se manobrado corretamente, o barco teria lidado confortavelmente com a situação.
Giovanni Costantino, CEO do The Italian Sea Group, ao FT

Fim das buscas

Buscas entraram hoje no 4º dia, com seis corpos resgatados. Além do corpo de Hannah Lynch, também foram resgatados os de Jonathan Bloomer, presidente do Morgan Stanley International, e sua esposa Judy; e de Chris Morvillo, um advogado dos Estados Unidos, e sua esposa Neda. Hannah foi encontrada poucas horas depois do pai, Mike Lynch, segundo o canal de TV italiano Rai News.

No total, 22 pessoas estavam no iate de 56 metros de comprimento. O barco de luxo estava ancorado no porto de Porticello, perto de Palermo, quando virou durante uma forte tempestade. A embarcação havia deixado o porto de Milazzo em 14 de agosto e foi rastreada pela última vez a leste de Palermo, na noite de domingo (18), com status de navegação "ancorado".

Quinze pessoas sobreviveram; um membro da tripulação morreu. A primeira vítima foi identificada como Recaldo Thomas, que trabalhava como cozinheiro no iate. A embarcação está deitada de lado a uma profundidade de cerca de 50 metros, o que dá aos mergulhadores de 8 a 10 minutos para inspecioná-la antes de precisarem voltar à superfície.

Acidente foi comparado ao naufrágio de um gigante italiano. Luca Cari, chefe de comunicação de emergência do Bombeiros, declarou ao Corriere que o episódio é "um pequeno [Costa] Concordia". Em 2012, a embarcação tombou na região da Toscana, também na Itália, e afundou deixando 32 mortos. Na ocasião, o navio se chocou com rochas e teve o casco perfurado pelas pedras.

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