Bilionário que morreu em naufrágio comemorava vitória em processo de fraude
O bilionário Mike Lynch, morto em um naufrágio na Itália, comemorava na viagem sua absolvição em um processo milionário no qual era acusado de fraude. A bordo estavam membros da família dele, amigos, advogados e funcionários.
O que aconteceu
Lynch, conhecido como "o Bill Gates britânico", e outras seis pessoas morreram no naufrágio, na última segunda-feira (19). Os corpos do bilionário e da filha dele, Hannah, de 18 anos, foram encontrados nesta quinta-feira (22) . No total, 22 pessoas estavam no iate de 56 metros de comprimento.
O advogado Chris Morvillo, que ajudou o empresário a ganhar o processo nos EUA, também está entre as vítimas. Lynch foi inocentado, com a ajuda do trabalho de mais de uma década de Morvillo, das acusações ligadas à venda de sua empresa de software, em 2011, a Autonomy, para a Hewlett-Packard por US$ 11 bilhões — cerca de R$ 61 bilhões, em valores atuais.
O empresário negava as irregularidades e sempre culpou a HP por ter errado na integração das duas empresas. Já a HP acusava o empresário de falsificar contas e de mentir no crescimento das receitas e da margem de lucro da empresa. Em 2023, Lynch foi extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos para ser julgado.
O resultado na Justiça foi favorável a Lynch: ele foi absolvido em junho, por um júri de São Francisco, de 15 acusações.
Para Morvillo, a viagem marcava a conclusão do caso com sucesso. Em seu LinkedIn, ele escreveu um post comemorando. "Após a rápida absolvição de nosso cliente, Mike Lynch, e de seu colega, Steven Chamberlain, finalmente tenho algo a dizer [nas redes sociais]", escreveu. Ele seguiu agradecendo todos os advogados que o ajudaram no caso.
O advogado agradeceu a esposa —que também morreu no acidente — e as duas filhas. Ele escreveu que estava contente em voltar para casa, já que passou a última década se dividindo entre Nova York e Londres, e que eles viveriam "felizes para sempre".
Jonathan Bloomer, testemunha no julgamento, também está entre as vítimas. Ele disse ao júri que o bilionário "não estava particularmente interessado na parte financeira" do negócio com a Hewlett-Packard e preferia se concentrar em estratégia e produtos. Também explicou que parte da contabilidade sinalizada como suspeita nos EUA era aceitável de acordo com as regras do Reino Unido. Bloomer era CEO do Morgan Stanley International há quase oito anos. A esposa dele também morreu no acidente.
Como aconteceu o acidente
O barco de luxo estava ancorado no porto de Porticello, perto de Palermo, quando virou durante uma forte tempestade (veja imagens do momento do naufrágio). A embarcação havia deixado o porto de Milazzo em 14 de agosto e foi rastreada pela última vez a leste de Palermo, na noite de domingo (18), com status de navegação "ancorado".
Quinze pessoas sobreviveram; um membro da tripulação morreu. A primeira vítima foi identificada como Recaldo Thomas, que trabalhava como cozinheiro no iate. A embarcação está deitada de lado a uma profundidade de cerca de 50 metros, o que dá aos mergulhadores de 8 a 10 minutos para inspecioná-la antes de precisarem voltar à superfície.
Acidente foi comparado ao naufrágio de um gigante italiano. Luca Cari, chefe de comunicação de emergência do Bombeiros, declarou ao Corriere que o episódio é "um pequeno [Costa] Concordia". Em 2012, a embarcação tombou na região da Toscana, também na Itália, e afundou deixando 32 mortos. Na ocasião, o navio se chocou com rochas e teve o casco perfurado pelas pedras.
*Com informações das agências de notícias AFP, Reuters e RFI
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