'Continuaremos a luta', diz opositor de Maduro exilado na Espanha
O opositor Edmundo González Urrutia, rival do presidente Nicolás Maduro nas eleições presidenciais, afirmou que continuará a luta pela "liberdade" da Venezuela a partir do exílio na Espanha, onde chegou neste domingo (8).
O que aconteceu
González confirmou que chegou em Madri na manhã deste domingo. A primeira manifestação do diplomata de 75 anos após deixar Caracas ocorreu em um áudio de 41 segundos divulgado por sua equipe de imprensa. Ele reivindica sua vitória nas eleições venezuelanas.
No início do áudio, o opositor enviou cordiais e afetuosos cumprimentos aos "amigos". O diplomata também agradeceu às manifestações de solidariedade que têm recebendo.
O opositor afirmou que sua saída de Caracas foi rodeada de episódios de "pressão, coerção e ameaças" para não permitir que ele deixasse o país. Ele não deu mais detalhes sobre esses episódios.
Confio que em breve continuaremos a luta para alcançar a liberdade e a recuperação da democracia na Venezuela. Um forte abraço para todos.
Edmundo González Urrutia, opositor venezuelano
Neste domingo, Maria Corina Machado, líder da oposição, afirmou que a vida de González estava em perigo. "Sua vida estava em perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e até mesmo as tentativas de chantagem e coerção a que ele foi submetido mostram que o regime não tem escrúpulos ou limites em sua obsessão de silenciá-lo e tentar quebrá-lo", escreveu nas redes sociais.
González estava escondido desde 30 de julho. Ele passou um período na embaixada da Holanda em Caracas antes de seguir para a Espanha. O candidato opositor reivindica a vitória nas eleições que, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), terminaram com a reeleição de Maduro. O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, com a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de um ataque de hackers.
Maduro retira custódia do Brasil da embaixada argentina
O governo Maduro revogou no sábado (7), de forma unilateral, a custódia do Brasil da embaixada argentina na Venezuela. O local abriga seis opositores asilados e foi cercado por agentes das forças de segurança do governo venezuelano na noite de sexta-feira (6). Após mais de 30 horas de cerco e falta de eletricidade no local, o Itamaraty afirmou ao colunista do UOL Jamil Chade que o cerco foi reduzido neste domingo (8) de forma importante nas últimas horas.
O governo alega ter "provas" de que o local está sendo usado para planejamento de atos "terroristas" e de "tentativas" de assassinato contra Maduro e sua vice, Delcy Rodríguez. As provas, no entanto, não foram apresentadas.
O governo brasileiro indicou que continua representando os interesses da Argentina em Caracas. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, o posicionamento do Itamaraty é de que se a Venezuela quiser revogar a autorização, tem de esperar a definição de um país substituto. Até lá, o governo Lula (PT) diz que continua a assumir essa responsabilidade.
Já o governo argentino rejeitou no sábado (7) a "decisão unilateral" da Venezuela. "Qualquer tentativa de interferir ou sequestrar os solicitantes de asilo que estão em nossa residência oficial será fortemente condenada pela comunidade internacional", alertou.
Ministério das Relações Exteriores do Paraguai diz lamentar decisão do governo Maduro. Em nota divulgada nas redes sociais, a pasta classificou como "decisão unilateral" a revogação da custódia do Brasil na embaixada argentina e disse que a ação "viola os princípios consagrados na Convenção de Viena". O ministério ainda instou o país a respeitar as normas internacionais e reforçou que reconhece o Brasil como responsável pela custódia da residência argentina.
EUA manifestam apoio "inabalável" aos governos do Brasil e da Argentina. "Expressamos nosso firme apoio diante das ameaças dos agentes de Maduro na Venezuela", escreveu o embaixador americano Brian A. Nichols nas redes sociais. "O Maduro precisa parar com sua repressão e intimidação ao povo venezuelano."
Uruguai também se manifesta. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores expressou preocupação com a decisão do governo Maduro de revogar a custódia brasileira e prestou solidariedade à Argentina e ao Brasil por esse "momento difícil".
Presidente do Panamá, José Raúl Mulino, e Ministério das Relações Exteriores do país condenaram a decisão de Maduro. Para o país, o ato demonstra o "contínuo desprezo às normas internacionais que garantem a inviolabilidade das missões diplomáticas e proteção dos asilos".
A Chancelaria da Costa Rica também emitiu comunicado. A pasta falou em "novo ato de perseguição política contra cidadãos venezuelanos legalmente abrigados na embaixada argentina".
(Com AFP)