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Cauda quebrada e 15 min de tensão: o que diz a investigação sobre o Titan

Colaboração para o UOL

18/09/2024 12h28Atualizada em 19/09/2024 09h49

Uma investigação liderada pela Guarda Costeira dos EUA sobre a implosão do submersível Titan, que resultou na morte de cinco pessoas durante uma expedição ao Titanic, revela falhas operacionais, materiais inadequados e avisos ignorados.

O que aconteceu

O submersível Titan trocava mensagens com o navio de apoio até perder contato. Durante a descida, usavam códigos simples como "a" para confirmar o recebimento de mensagens e "k" para garantir que os sistemas de comunicação estavam funcionando. Às 9h53, o Polar Prince enviou uma mensagem perguntando se o Titan ainda conseguia localizá-lo, mas não obteve resposta, informou o The Guardian.

O silêncio durou 15 minutos, aumentando a tensão no navio de apoio. Apenas às 10h08, o Titan respondeu com "k", explicando que havia perdido temporariamente o sistema de comunicação. Durante esse tempo, o Polar Prince continuou enviando mensagens repetidamente.

Paul-Henry Nargeolet tentou tranquilizar a tripulação com uma mensagem otimista. Logo após o retorno do contato, Nargeolet enviou o texto "tudo bem aqui" ao navio de apoio. A tentativa de acalmar a equipe do Polar Prince ocorreu pouco antes de o submersível sofrer a tragédia.

A última mensagem foi enviada às 10h47, informando uma manobra para melhorar a flutuabilidade. O Titan comunicou que havia liberado dois pesos de queda, uma prática comum para facilitar o controle da subida e descida. Naquele momento, o submersível estava a uma profundidade de pouco mais de 3.300 metros, disse o The Guardian.

Após essa comunicação, o submersível não enviou mais nenhuma mensagem. Minutos depois, o Titan sucumbiu à pressão extrema das profundezas, causando uma implosão catastrófica. A tragédia resultou na perda de todos os cinco tripulantes a bordo.

A cauda quebrada foi o primeiro sinal visual de destruição. Quatro dias depois do desaparecimento, os destroços foram encontrados a 3.000 metros de profundidade. A cauda do submersível, separada do corpo principal, estava parcialmente preservada e forneceu os primeiros indícios visuais de que o Titan havia sucumbido à pressão extrema.

O uso de fibra de carbono foi um fator crítico. Diferente de materiais convencionais para submersíveis, a fibra de carbono usada na construção do Titan não era amplamente testada em profundidades extremas. A pressão de 3.300 metros poderia ter excedido os limites do material, contribuindo para a implosão, descreve a BBC.

Pressões internas

Depoimentos revelam pressões internas na OceanGate. Tony Nissen, ex-diretor de engenharia da empresa, afirmou que houve pressa para lançar o submersível, mesmo com falhas não resolvidas. Ele expressou dúvidas sobre o uso de materiais não convencionais, que não atendiam a padrões de segurança rigorosos.

Ex-funcionários já haviam alertado sobre os riscos antes da tragédia. Segundo o The New York Times, engenheiros da OceanGate expressaram preocupações sobre a segurança da embarcação anos antes da implosão fatal. Tony Nissen foi demitido após se recusar a aprovar uma expedição em 2019, citando falhas no equipamento e na coleta de dados que indicavam problemas no submersível.

Problemas com o Titan foram documentados em expedições anteriores. Em 2021, o submersível enfrentou 70 problemas de equipamento, e mais 48 em 2022, segundo o The New York Times. Mesmo com esses sinais de alerta, a empresa continuou operando o Titan sem realizar as correções necessárias, levando a questionamentos sobre a supervisão e o compromisso com a segurança.

Descobertas adicionais

As investigações seguem com foco em possível negligência. As audiências públicas, que devem durar mais duas semanas, investigam a gestão da OceanGate, incluindo falhas de manutenção e o uso de materiais inadequados. A empresa suspendeu operações, mas ainda enfrenta investigações para determinar se houve negligência.

A exposição prolongada do Titan ao tempo pode ter agravado a situação. Outro ponto crucial levantado nas audiências foi que o submersível ficou exposto por meses antes da expedição, sem os cuidados necessários. Isso pode ter comprometido ainda mais a integridade estrutural da embarcação, acelerando o colapso durante a descida.

Relembre o caso

No dia 18 de junho de 2023, o Titan desapareceu durante uma expedição aos destroços do Titanic. O submersível transportava cinco pessoas: Stockton Rush, CEO da OceanGate; o bilionário Hamish Harding; Paul-Henri Nargeolet, especialista no Titanic; Shahzada Dawood e seu filho Suleman. A missão os levaria a quase 4.000 metros de profundidade, a 595 km da costa de Newfoundland, no Canadá.

Cerca de 1h45 após a descida, o Titan perdeu contato com o navio de apoio. A perda de comunicação gerou uma operação de busca internacional, envolvendo a Guarda Costeira dos EUA, a Marinha Canadense e veículos operados remotamente (ROVs). Quatro dias depois, os destroços do submersível foram encontrados, confirmando a implosão.

Especialistas acreditam que a implosão foi instantânea, devido à pressão extrema. A tripulação teria morrido no momento da implosão, que ocorreu enquanto o submersível ainda descia. O caso trouxe à tona questões sobre a segurança de expedições submarinas privadas e a necessidade de regulamentação mais rigorosa.

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