OPINIÃO
Tales: Ausência de grandes potências confirma críticas de Lula à ONU
Colaboração para o UOL, em São Paulo
23/09/2024 11h15
As críticas feitas por Lula em seu discurso na Cúpula do Futuro da ONU (Organização das Nações Unidas) se traduzem na ausência de líderes das grandes potências globais no evento, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News desta segunda (23). Entre os representantes das nações mais ricas do mundo, apenas o chanceler alemão Olaf Scholz marcou presença na cerimônia em Nova York.
Lula alertou que o mundo caminha para um "fracasso coletivo", sem atingir metas para redução da fome e da pobreza, disse que o Pacto da ONU aprovado no domingo não é suficiente para lidar com crises estruturais e criticou o Conselho de Segurança. O presidente, que estourou o limite de cinco minutos em sua fala, teve o microfone cortado.
O discurso foi muito bom. A questão do tempo é a diferença entre quem tem o que dizer e quem não tem. Bolsonaro já foi à ONU falar rapidamente por quatro minutos e ser absolutamente ignorado.
Lula fez um discurso no qual as críticas que fez à ONU só se confirmaram com a ausência dos líderes das grandes potências. Não há financiamento adequado ao meio ambiente, o Conselho de Segurança da ONU não tem mais importância, os países do sul global não estão bem representados...
O mundo mudou muito desde que a ONU foi criada e, se não se readequar, ela irá para o lixo da História e se tornará absolutamente desnecessária. Tales Faria, colunista do UOL
Tales reforçou que os eventos climáticos extremos são de grande responsabilidade dos mais ricos e apontou a necessidade de mudanças de pensamento, tanto dos países como das pessoas mais ricas do mundo.
As grandes potências estão agindo com o mundo e com o clima da mesma forma que os ricos no Brasil. Elas não aceitam arcar com todo o problema climático do mundo, que não foi criado pelos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. O grande ataque ao meio ambiente veio das grandes potências, mas elas se recusam a contribuir para frear o avanço dos eventos extremos.
Também estamos nesta situação aqui no Brasil. Boa parte dessa situação climática veio de um modelo com problemas, baseado no agronegócio e na exploração mineral. É preciso haver mudanças nisso, com uma industrialização tecnológica e não poluente. Para isso, os ricos do Brasil e a turma do agronegócio devem se conscientizar.
Tem que mudar o pensamento de quem é rico. Em geral, o rico é o maior culpado pelo problema ambiental - tanto os países como as pessoas. Mas esses não se preocupam com quem é pobre. Tales Faria, colunista do UOL
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