Em NY, Lula fará lobby contra barreira ambiental da UE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pressionar líderes europeus para que adiem a adoção de lei ambiental que, a partir de 2025, permitirá que o bloco impeça a importação de produtos agrícolas que sejam responsáveis por desmatamento.
Lula está em Nova York, onde participa das reuniões da ONU. Na segunda-feira, porém, Lula terá várias reuniões bilaterais. Uma delas será com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Ainda que o tema central do encontro seja o compromisso de ambos os lados para fechar um acordo comercial entre o Mercosul e a UE, o governo indica que a questão do desmatamento entrará na agenda. "Falaremos sobre isso", confirmou o chanceler Mauro Vieira, ao UOL.
Há dez dias, o governo brasileiro enviou uma carta para a UE criticando a lei do bloco que proíbe a importação de produtos de áreas recentemente desmatadas e pedindo que a medida seja reavaliada. O temor do Brasil é de que, uma vez implementada, a lei possa ser usada como um instrumento de protecionismo disfarçado. O impacto pode chegar a US$ 15 bilhões.
Desde 2020, o Itamaraty vem alertando aos europeus sobre os riscos de que a lei possa violar as regras internacionais do comércio e não descarta até mesmo recorrer aos tribunais internacionais contra o bloco.
O Brasil ainda conseguiu criar uma espécie de aliança entre países emergentes que, durante a tramitação da lei, enviaram um carta para a UE para denunciar o projeto.
Agora, o governo pede que o bloco "reavalie urgentemente sua abordagem sobre o tema" e qualifica a lei como um instrumento "unilateral e punitivo".
O tema também estará na pauta da reunião entre Lula e o chanceler alemão, Olaf Scholz. A Alemanha não é contra a lei ambiental. Mas estima que sua adoção deve ser adiada.
O Brasil considera, portanto, que Scholz pode ser um aliado inesperado.
Berlim teme que, se adotada, no começo de 2025, a lei irá fechar as portas para que se possa negociar uma conclusão do acordo entre Mercosul e UE. Os alemães são os maiores interessados na Europa por um maior acesso ao mercado sul-americano para poder competir com os produtos chineses, cada vez mais dominantes em setores tradicionalmente dominados pela indústria alemã.
Scholz, portanto, quer primeiro garantir um espaço político para negociar com o Mercosul e teme que, com a nova lei, o bloco não veja qualquer incentivo para abrir seu mercado.
A viagem para Nova York ainda inclui um encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com o chefe de governo da Espanha, Pedro Sanchez.
Haiti
Durante a viagem, Lula ainda estará com o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille. O Brasil descarta uma nova missão de paz no país caribenho. Mas sinaliza que quer ajudar e vai ouvir do chefe do governo haitiano quais são as principais necessidades e ajudas que podem ser avaliadas.
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