Como morte de esquilo influencer é explorada pela campanha de Trump nos EUA
Colaboração para o UOL
05/11/2024 05h30
A morte de Peanut, um esquilo influencer que ficou famoso no Instagram, mobilizou apoiadores de Donald Trump e gerou críticas contra autoridades de Nova York, a poucos dias das eleições presidenciais.
O que aconteceu
O caso de Peanut, o esquilo, ganhou proporções políticas e virou bandeira contra o governo em Nova York. Após denúncias anônimas sobre a posse ilegal de animais silvestres, o DEC (Departamento de Conservação Ambiental) de Nova York realizou uma operação em 30 de outubro na casa de Mark Longo, tutor do esquilo.
Peanut foi levado pelos agentes, junto com Fred, um guaxinim que também vivia na casa de Longo. Durante a operação, um oficial do DEC foi mordido por Peanut, o que, segundo a CBS New York, motivou a condenação dos animais à morte. Na sexta-feira (1º), Peanut foi sacrificado, gerando revolta entre seus seguidores e dando início a uma mobilização online que conta com dezenas de milhares de apoiadores.
A repercussão do caso alcançou a campanha de Donald Trump. Em um comício na Carolina do Norte, o candidato republicano e seu vice, JD Vance, criticaram o governo. "O mesmo governo que não se preocupa com criminosos imigrantes, proíbe que tenhamos animais de estimação," disse Vance, acrescentando que Trump estava "indignado" com a eutanásia de Peanut, a quem chamou de "o Elon Musk dos esquilos", segundo o NY Post.
O próprio dono do X (antigo Twitter) e da SpaceX também se manifestou contra a morte do animalzinho. Ele compartilhou um vídeo do investidor Colin Rugg, no qual Mark Longo e sua esposa descrevem a operação que resultou na morte de Peanut. Musk criticou a ação das autoridades, afirmando: "The government should leave people and their animals alone" (O governo deveria deixar as pessoas e seus animais em paz). A intervenção de Musk amplificou ainda mais a visibilidade do caso, mobilizando seu grande público nas redes sociais e adicionando combustível ao debate sobre a posse de animais silvestres.
Outras figuras conservadoras intensificaram a crítica, chamando a ação de abuso de poder. Segundo a Rolling Stone, Longo relatou que a operação foi "um ataque injusto" e criticou o uso de recursos públicos para invadir seu santuário, P'Nut Freedom Farm. Em uma publicação online, Longo afirmou haver um "lugar especial no inferno" para o DEC e lamentou que "em meio a uma semana tão conturbada na história americana", seu esquilo tenha sido tema de discussões nacionais.
Fora das redes sociais, políticos republicanos buscaram soluções legislativas. O congressista de Nova York, Nick Langworthy, anunciou à BBC que proporá a "Lei de Proteção Animal de Peanut" para evitar situações semelhantes. Ele criticou a governadora democrata Kathy Hochul por dar prioridade "a santuários para imigrantes enquanto pets inocentes são mortos".
Posse proibida
Nos Estados Unidos, a posse de animais silvestres é regulamentada e, em muitos casos, proibida, variando conforme o estado. Em Nova York, é ilegal manter animais selvagens, como esquilos, sem uma licença especial. O Departamento de Conservação Ambiental (DEC) impõe essa proibição para proteger a saúde pública e o bem-estar animal, permitindo a posse apenas com uma licença de reabilitação da vida selvagem, que exige treinamento específico. Essa regulamentação se aplica a várias espécies que podem transmitir doenças e representar riscos em áreas urbanas.
A campanha "Justiça para Peanut" tem atraído doações massivas. Longo lançou um GoFundMe para cobrir os custos legais e dar suporte ao santuário, que já arrecadou cerca de US$ 140 mil até o momento (mais de R$ 800 mil), segundo a BBC News. A indignação coletiva nas redes sociais transformou o esquilo em um símbolo de resistência contra o que conservadores chamam de "excesso de intervenção governamental".
Para o tutor, o impacto é pessoal e doloroso. "O fato de meu esquilo ter feito história mundial é inacreditável, mas não era isso que eu queria", disse ele à Rolling Stone. "Eu só queria meu animal de volta."