Por que Pensilvânia, foco de Kamala e Trump, é considerado um estado-chave
A um dia das eleições nos EUA, Kamala Harris e Donald Trump concentram esforços na Pensilvânia, estado que pode definir o próximo presidente por seu peso eleitoral e representatividade demográfica.
O que aconteceu
A Pensilvânia é o estado-pêndulo mais cobiçado das eleições de 2024. Conhecido por seu eleitorado imprevisível, o estado tem um papel fundamental a cada eleição presidencial. Além da Pensilvânia, os outros estados-pêndulo deste ano são Michigan, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte, Arizona e Nevada.
Os estados-pêndulo desempenham um papel decisivo no Colégio Eleitoral. Diferentes dos estados com tendências partidárias claras, como Califórnia e Texas, eles oscilam entre os partidos, atraindo investimentos massivos de campanha.
Nos EUA, as eleições presidenciais são indiretas. Os eleitores escolhem o candidato para quem querem direcionar os delegados de seu estado, cujo número varia conforme a população. Na maioria dos estados, o candidato mais votado leva todos os delegados, mas Nebraska e Maine adotam uma distribuição mista, onde parte dos delegados é decidida por distritos.
Esse sistema faz com que os votos nos sete estados-pêndulo tenham peso maior, pois são eles que geralmente decidem a eleição. Com 93 delegados em jogo, esses estados podem definir o vencedor, que precisa de 270 delegados para conquistar a Presidência.
Com 19 delegados no Colégio Eleitoral, a Pensilvânia é considerada uma peça-chave para ambas as campanhas. A quantidade de delegados, a quinta maior entre todos os estados, torna-a o maior estado-pêndulo e um dos mais influentes na definição do presidente. Segundo o U.S. News, dez dos últimos 12 presidentes eleitos venceram na Pensilvânia, reforçando seu papel de "termômetro eleitoral" para a vitória eleitoral.
Pensilvânia possui pluralidade demográfica que a torna um "microcosmo" dos EUA, com uma composição populacional diversificada e interesses variados. Grandes centros urbanos como Filadélfia e Pittsburgh têm maioria democrata e abrigam significativa população negra e imigrante, incluindo um crescente contingente latino, em especial de origem porto-riquenha.
Em contraste, as áreas rurais e pequenas cidades, onde predomina uma população branca e conservadora, tendem a apoiar os republicanos. Essa variedade demográfica reflete as diferenças econômicas e culturais do país, fazendo da Pensilvânia um estado decisivo e altamente disputado em eleições nacionais, informa o U.S. News.
Harris, vice-presidente e candidata democrata, aposta em cidades grandes como Filadélfia e Pittsburgh. Ela visitará áreas de classe trabalhadora em Allentown e encerra o dia com um comício em Filadélfia, com a presença de Lady Gaga e Oprah Winfrey, segundo a WHYY TV. Essas regiões urbanas são essenciais para a campanha democrata, que precisa compensar o apoio de Trump nas áreas rurais conservadoras.
Trump, ex-presidente e candidato republicano, foca no eleitorado rural e conservador. Ele realiza eventos em Reading e Pittsburgh e passará por outros estados-pêndulo, como Carolina do Norte e Michigan, segundo a NBC News. Sua estratégia é mobilizar eleitores de áreas rurais, onde mantém uma base fiel, na esperança de replicar a vitória que teve na Pensilvânia em 2016.
Comunidades latinas
O histórico da Pensilvânia como "pêndulo" demonstrou sua relevância em eleições passadas. Trump venceu o estado por uma margem estreita em 2016, mas Joe Biden o recuperou em 2020, garantindo-lhe a vitória no Colégio Eleitoral. Esta alternância constante reforça o papel decisivo do estado em cada eleição presidencial.
Comunidades latinas e porto-riquenhas são fundamentais para as eleições. Com 579 mil eleitores latinos, especialmente na cidade de Reading, esse grupo é alvo de ambas as campanhas. Segundo Mike Toledo, diretor do Centro Hispano, as necessidades da comunidade devem ser abordadas diretamente pelos candidatos para conquistar seu voto.
As campanhas de ambos investiram fortemente em publicidade e eventos que tratam das questões econômicas e culturais mais importantes para os eleitores locais. Até o momento, a disputa na Pensilvânia permanece empatada, segundo a CNN. Pesquisas indicam uma diferença mínima entre os candidatos, dentro da margem de erro.
(Com informações da RFI e AFP)
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