Reinaldo: Quem perde mundo afora com a vitória de Trump é a direita liberal
O debate ideológico envolvendo a vitória de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos está fora de lugar e o grande perdedor dessa eleição é a direita liberal, afirmou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui! desta quarta (6).
Do ponto de vista ideológico, tem muita coisa que fica fora do lugar. A direita aqui está comemorando o quê? Na economia, qualquer comemoração com o governo Trump é uma comemoração burra, porque ele prometeu sobretaxar as importações de 10% a 20%, todas elas, e as chinesas, em 60%. Eu lembro que esse negócio de taxar importação, curiosamente, coisas que estão em programas mundo afora, historicamente, a taxação de importação tem mais a ver com programas ligados a teses de esquerda, não a teses liberais. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo lembrou que uma das teses de Trump é a proteção da economia dos Estados Unidos, tendo como alvos principais a indústria e a China, além de defender que as empresas americanas voltem a produzir no país.
Os EUA são o segundo parceiro comercial do Brasil — se olhados os países individualmente — e terceiro, se considerada a União Europeia como unidade.
Evidentemente, não vai ser bom para o Brasil, não ser bom para ninguém no mundo. Redesenha um pouco a economia mundial, porque o que vai ser? Os Estados Unidos, por exemplo, vão impor tarifas extras para a importação brasileira e o Brasil vai aceitar, sem reciprocidade? Como vai ser? Eles podem nos impor tarifas, mas nós continuaremos a não colocar além daquelas que existem.
E isso em relação a todo mundo, porque não vai ser só com o Brasil. Então, não será bom. E, no nosso caso, o setor mais afetado, insisto, é o setor do agro, o setor das commodities, que não tem nenhuma razão para comemorar esse troço. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo destacou que, se Trump cumprir a promessa, haverá efeitos também na economia americana e um deles é a elevação de preço.
Quando você fecha a economia, o preço acaba subindo. Isso é o contrário da globalização. Neste sentido, é um movimento antiglobalista, mas, precisa ver: é um movimento antiglobalista para o bem? Quando ele sobretaxa o produto que vem de fora, ele está sobretaxando a competição. Quando você sobretaxa a competição, necessariamente, você provoca uma elevação do preço interno. Não tem como.
Só se está sobretaxando a importação, porque essa importação está entrando a um preço mais competitivo do que pode oferecer o nativo, o fornecedor nativo, a indústria nativa. E isso, necessariamente, leva a uma elevação de preço e elevação da inflação. Elevando a inflação, o Banco Central americano reage, elevando juros. Eleva juros, atrai dinheiro do mundo para os títulos americanos e retira dinheiro dos parceiros, inclusive, dos Estados Unidos, também do Brasil, que pode ser tentado a elevar juros, então para se manter atraente como destino daquele dinheiro. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
A consequência pode ser um novo ciclo de inflação no mundo.
Se tem gente comemorando, está comemorando não sei o que. Ah, mas ele prometeu cortar 10 trilhões de impostos. Se ele cortar 10 trilhões no período de quatro anos ou correspondente, ele vai elevar a dívida pública dos Estados Unidos, que já é muito acima do PIB, e não vai compensar isso com a sobretaxação.
O mundo vai viver um momento bastante delicado. E eu insisto, quem defende sobretaxação de importação mundo afora é a esquerda, não é a direita, não é a direita liberal. É a direita liberal que está sendo derrotada nessa eleição. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.
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