Trump, imigração e acordo com Mercosul: desafios da nova Comissão Europeia

Os 26 comissários da nova Comissão Europeia, poder Executivo da União Europeia, foram aprovados por eurodeputados na manhã desta quinta-feira (27). A expectativa é de que a gestão formal comece na próxima semana, após aprovação de eurodeputados, com um enorme volume de trabalho pela frente.

Quais temas serão prioritários na próxima gestão

Trump e relações com os EUA. O retorno do republicano à Casa Branca preocupa o bloco, que deve definir e implementar rapidamente planos para o comércio e a defesa para proteção. Trump deu sinais de que pretende reequilibrar o déficit comercial dos EUA com tarifas e postura potencialmente menos comprometida com a segurança europeia.

Renovação de perspectivas econômicas. A UE não consegue acompanhar o ritmo dos Estados Unidos e enfrenta a crescente concorrência da China, em um cenário que inclui baixa produtividade, crescimento lento, custos elevados da energia e investimentos frágeis.

Redução da burocracia faz parte da agenda de controle econômico do país. Além disso, Von der Leyen projeta a criação de uma união de poupança e investimentos para ajudar o acesso das empresas à capital que possam investir em inovação e para estimular o setor de inteligência artificial.

Esperado acordo do bloco com Mercosul enfrenta obstáculos. Os agricultores europeus estão mobilizados há quase um ano, sobrecarregados pelas exigências das metas ambientais da UE e, mais recentemente, em pé de guerra contra a assinatura de um acordo comercial com o bloco sulamericano.

Expectativa é de que pacto seja feito em dezembro, mas França é empecilho. Acordo comercial com Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai deve ser firmado em reunião de cúpula em Montevidéu, mas a França, que protagoniza boicote à carne brasileira, busca desesperadamente aliados para inviabilizar os planos para a assinatura do acordo.

Indicação de um comissário de Defesa pela primeira vez mostra prioridade do bloco. Andrius Kubilius vai liderar a iniciativa de fortalecimento das defesas do continente. O assunto, em voga desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, tornou-se urgente com a reeleição de Trump. Os cálculos da comissão apontam que o bloco precisará investir 500 bilhões de euros (US$ 525 bilhões, R$ 3 trilhões) durante a próxima década.

Imigração. As passagens irregulares nas fronteiras detectadas na União Europeia caíram 43% este ano, depois que alcançaram o nível recorde em 2023. Avanços da extrema direita em vários países, porém, não deixaram a pauta sair de assunto. Em outubro, os líderes da UE pediram uma nova legislação para acelerar os retornos dos migrantes e que a Comissão examine "novas formas" para enfrentar imigração irregular.

Aprovação aconteceu com 370 votos a favor, 282 contrários e 36 abstenções após impasse. A definição dos integrantes da Comissão havia sido bloqueada na semana passada, mas um acordo entre os três principais blocos políticos acabou com o impasse e abriu caminho para a sessão desta quarta-feira.

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Primeiro mandato de Von der Leyen foi marcado pela pandemia. O cargo dela foi assumido em 2019, mesmo ano em que surgiu o coronavírus, e a urgência de coordenar uma resposta em bloco foi o principal guia da maior parte da liderança dela.

União Europeia não tem tempo a perder, diz Von der Leyen

Presidente da Comissão se dirigiu a plenário em Estrasburgo, na França, mencionando que "segurança sempre será prioridade". "Não temos tempo a perder e devemos ser tão ambiciosos quanto as ameaças são graves", afirmou.

"Gerra está nas fronteiras da Europa e devemos estar preparados para o que nos aguarda". A dirigente alemã destacou que a liberdade e a soberania do bloco europeu dependem "mais do que nunca" da sua força econômica.

*Com informações da AFP

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