Macron diz que premiê foi derrubado por 'frente antirrepublicana'

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que "a extrema-direita e a extrema-esquerda uniram-se numa frente antirrepublicana" para derrubar o primeiro-ministro do país, Michel Barnier.

O que aconteceu

Presidente descarta renunciar ao cargo. Emmanuel Macron disse que o "mandato confiado nele democraticamente é um mandato de cinco anos e vou exercê-lo plenamente até o fim". A fala foi feia durante discurso à nação na tarde desta quinta-feira (5), após receber a renúncia do premiê.

Macron apelou à "sabedoria", "unidade" e "esperança". Ele concluiu o comunicado pedindo pela "reconstrução da nação onde quer que haja raiva, insulto, restauração da sabedoria e onde quer que haja divisão, querendo unidade onde quer que alguns cedam à angústia de outros, querendo esperança".

Minha responsabilidade exige que eu garanta a continuidade do Estado, o bom funcionamento de nossas instituições, a independência de nosso país e a proteção de todos vocês (...) Assumirei a tarefa de formar um governo de interesse geral que represente todas as forças políticas de um arco de governança capaz de participar ou, pelo menos, comprometer-se a não censurá-lo
Emmanuel Macron

Novo primeiro-ministro será nomeado nos próximos dias. Macron apontou que instruirá o novo indicado a formar um governo "de interesse geral".

Presidente criticou partido de Marine Le Pen, sua maior rival política. Durante seu discurso, Macron acusou o partido de extrema-direita de União Nacional de "ter escolhido a desordem" e de ter votado uma "moção de censura que vai contra o próprio programa".

Queda do premiê

Michel Barnier, nomeado primeiro-ministro da França, em foto de 22 de novembro de 2021
Michel Barnier, nomeado primeiro-ministro da França, em foto de 22 de novembro de 2021 Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

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Michel Barnier perdeu o cargo após deputados aprovarem uma moção de censura contra ele. Questão uniu deputados da esquerda e da extrema direita e teve 331 votos a favor - a aprovação dependia do apoio de pelo menos 288 deputados.

A moção foi apresentada após o primeiro-ministro aprovar parte do orçamento sem o submeter a votação. O fato desagradou tanto a esquerda quanto a extrema direita, que se aliaram para a votação.

Barnier deve deixar o cargo após menos de 100 dias no poder. Como resultado, o governo é derrubado e a lei de financiamento da Segurança Social para 2025 é rejeitada.

"Tive e tenho orgulho de agir para construir e não para destruir", disse Barnier em discurso. O primeiro-ministro ainda acrescentou: "não posso resignar-me à ideia de que a desestabilização institucional possa ser o objetivo que reuniria aqui uma maioria de deputados."

Próximos passos

Emmanuel Macron precisa nomear um novo primeiro-ministro. Ele não pode convocar novas eleições legislativas até julho.

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Macron poderia nomear Barnier novamente. Foi o que aconteceu em 1962, quando o então presidente Charles de Gaulle nomeou George Pompidou após ele cair em uma moção de censura. Porém, na ocasião houveram novas eleições entre a queda e a nomeação.

Barnier descartou essa possibilidade durante a entrevista de terça-feira (3). "Quero servir. Disse a vocês que é uma grande honra. Mas que sentido tem [uma nova nomeação como primeiro-ministro]?"

O atual ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, o deputado de esquerda, Bernard Cazeneuve, e o ex-ministro conservador, Xavier Bertrand, são possíveis nomes para substituir Barnier. Porém, alguns parlamentares acreditam que a única saída para a crise inclui a renúncia de Macron e a antecipação da eleição presidencial.

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