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Inundações em Recife podem ter causado ondas de lixo em praias do RN e PB

O grupo voluntário Tribo Ambiental auxiliou no recolhimento do lixo - Divulgação/Tribo Ambiental.
O grupo voluntário Tribo Ambiental auxiliou no recolhimento do lixo Imagem: Divulgação/Tribo Ambiental.

José Maria Tomazela

27/04/2021 17h15

O lixo doméstico e hospitalar que atingiu as praias do Rio Grande do Norte e da Paraíba nos últimos dias pode ter sido levado para o mar pelas inundações que atingiram a área urbana de Recife, a capital de Pernambuco, na segunda semana de abril. De acordo com o presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), Welison Silva, que é também secretário do Meio Ambiente de João Pessoa, materiais com identificação de procedência no lixo, como uma mochila escolar, santinhos de um candidato a vereador e restos de correspondência com endereço de Recife, reforçam a hipótese.

Entre os dias 9 e 14, a capital pernambucana registrou chuva acumulada de 343 milímetros de chuva, mais que a média prevista para o mês, de 326 mm, segundo a Agência Pernambucana de Água e Clima. Foi o maior índice de chuvas do Estado, e a cidade sofreu fortes inundações. Houve alagamentos e queda de barreiras em toda a região metropolitana. No bairro Cohab, na zona sul da capital, um homem foi levado pela correnteza - o corpo foi encontrado no último domingo, 25.

Conforme Silva, não houve outro evento que possa explicar a chegada de aproximadamente 40 toneladas de lixo nas praias do litoral. "Fizemos inspeções aéreas e marítimas, incluindo a foz de rios, e nada foi encontrado que pudesse indicar a origem dos resíduos em território paraibano", disse. Ele acredita que os alagamentos podem ter carregado lixo urbano da região metropolitana de Recife para o mar e as correntes marítimas teriam levado o material flutuante para pontos mais distantes da costa. As marés e as ondas empurraram o lixo para as praias.

O material recolhido inclui objetos de uso pessoal e doméstico, como chupetas, fraldas, chinelos, vasilhas e garrafas plásticas, além de lixo hospitalar, incluindo seringas descartadas, tubos para coleta de sangue e embalagens de medicamentos. Os resíduos foram recolhidos nas praias do Bessa, Manaíra e Tambaú, em João Pessoa, e nas orlas de Lucena, Conde e Cabedelo. Também foi encontrado lixo nas praias do Rio Grande do Norte, próximas da divisa entre os dois Estados. Praias badaladas de Tibau do Sul, como a da Pipa, ficaram cobertas por resíduos.

Conforme o secretário, já houve contato com órgãos ambientais e da prefeitura de Recife para análise conjunta das amostras colhidas nas praias. Praticamente todo o lixo já foi recolhido por equipes das prefeituras e voluntários. Relatórios sobre a poluição serão encaminhados aos ministérios públicos estadual e federal.

A Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) da Paraíba informou que técnicos vistoriaram as praias e trabalham para identificar a origem dos resíduos. Segundo a agência ambiental, em relação aos banhistas, a balneabilidade das praias não foi afetada. Conforme a Superintendência do Ibama no Estado, o instituto pediu relatórios aos municípios sobre as ocorrências.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco informou que está em contato com os órgãos ambientais do Rio Grande do Norte e da Paraíba para auxiliar na identificação da origem do lixo. A pasta pediu amostras do material recolhido nas praias para análise.

Sobre as chuvas em Recife, a Secretaria de Infraestrutura da capital informou que, desde o início do ano, investiu mais de R$ 90 milhões em ações para prevenção e monitoramento das áreas de risco, além de limpeza de canais e eliminação de pontos de alagamento. No total, foram retiradas 3,7 mil toneladas de resíduos de 50 canais e 168 vias públicas, galerias e canaletas para prevenir enchentes.