Imprensa chinesa faz duras críticas à poluição excessiva
Em um país onde críticas às autoridades são raras, a imprensa chinesa tem reagido duramente à poluição excessiva em cidades do norte do país. Na capital Pequim, a poluição ultrapassou níveis considerados perigosos pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O Diário do Povo, veículo oficial do Partido Comunista, disse que a fumaça provocou uma onda sufocante que precisa ser urgentemente resolvida. Já o China Daily, também um veículo governamental, disse que o país precisa equilibrar desenvolvimento com qualidade de vida.
O Global Times disse que a China pode ter prejuízos ambientais de longo prazo. O debate sobre poluição também tem dominado as redes sociais do país.
No fim de semana, uma densa camada de poluentes encobriu Pequim e cerca de outras 30 cidades no norte e leste do país.
Segundo o padrão da OMS (chamado PM 2.5), a concentração média de partículas de polução é de 25 microgramas por metro cúbico. Acima de 100, o nível já não é considerado saudável. Acima de 300, crianças e idosos devem permanecer em casa.
Dados oficiais apontaram que o nível de polução no último sábado passou de 400. Detecções feitas por funcionários da Embaixada dos Estados Unidos mostraram poluição além de 800.
A inalação destas partículas aumenta o risco de infecções respiratórias, assim como o de câncer no pulmão e doenças cardíacas.
Segundo a agência oficial de notícias Xinhua, houve um aumento na procura de tratamento médico por problemas respiratórios no país.
Planejamento deficiente
Nesta segunda-feira (14), os níveis baixaram para 350, segundo as autoridades. As escolas, no entanto, continuam fechadas.
A poluição excessiva tem sido explicada como resultado da falta de ventos e de uma onda de ar frio. O editorial do China Daily, no entanto, diz que não há razão "para não refletirmos sobre qual tem sido nossa contribuição para a nuvem de fumaça".
O jornal criticou o planejamento urbano deficiente e uma alta no número de carros no país, dizendo que é preciso deixar mais o carro na garagem.
"A qualidade do ar nas grandes cidades poderia ser melhor se se prestasse mais atenção no número de arranha-céus, se mais árvores fossem plantadas à medida que crescem as áreas residencias, e se o número de carros fosse mais estritamente controlado. Essas são lições que a China deveria aprender para o futuro de sua urbanização."
A crítica também foi estampada na capa do Diário do Povo: "Vamos encarar a gestão ambiental com um senso de urgência", dizia a manchete.
O Global Times disse que as medidas já adotadas pelo governo não são suficientes para aliviar o problema, no "maior canteiro de obras do mundo".
O jornal pediu ao governo que "publique dados ambientais críveis" para que a população possa ajudar a solucionar o problema.
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