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Pequim adota plano de emergência no 3º dia de poluição extrema

Em Pequim

14/01/2013 10h24

Pequim adotou medidas de emergência nesta segunda-feira (14), como a redução das emissões das fábricas e a circulação de veículos oficiais, no terceiro dia de extrema poluição na capital chinesa, que multiplicou os casos de problemas cardíacos e respiratórios nos hospitais.

A poluição ultrapassa os 300 microgramas de partículas menores de 2,5 micras (PM 2,5) por metro cúbico, muito acima dos níveis de 25 microgramas por metro cúbico que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera aceitável. No sábado, o pior dia de poluição, os níveis chegaram a 993 microgramas, cerca de 40 vezes pior do que o recomendado.

Não se espera que a situação seja resolvida até a próxima quarta-feira (16), quando estão previstos ventos que arrastem as partículas poluentes.

A OMS adverte que a exposição prolongada a uma concentração excessiva destas partículas aumenta o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares. As partículas PM 2,5 têm um tamanho tão reduzido que podem se alojar nos pulmões ou mesmo na corrente sanguínea.

Diante do perigoso grau de poluição, o pior que muitos veteranos residentes da cidade lembram ter vivido, as autoridades municipais iniciaram um plano de emergência, que inclui o cancelamento das obras de construção em mais de 20 locais.

Segundo o Escritório de Proteção Meio Ambiental da capital chinesa, 54 empresas reduziram em 30% suas emissões de carbono e foi proibido que as escolas desenvolvam práticas esportivas ao ar livre.

Os veículos oficiais deixaram de circular pelas ruas, enquanto foi lançada uma chamada aos residentes para que usem o transporte público e deixem seus carros em casa para combater a espessa nuvem de poluição.

Hospitais lotados

A poluição extrema afetou também a saúde dos residentes, e vários hospitais - como o de Chaoyang - revelaram que nos últimos dias trataram muito mais pacientes com doenças respiratórias e cardíacas do que o habitual.

O Hospital Infantil de Pequim já tinha indicado que, ao longo da semana passada, quando começaram a subir os níveis de poluição, recebia 7.000 pacientes por dia com doenças respiratórias por conta da má qualidade do ar.

Entre os poucos beneficiados pela situação se encontram as empresas fabricantes de máscaras respiratórias, cujas vendas se multiplicaram em dez vezes desde sexta, segundo os sites taobao.com e tmall.com, dois dos locais de vendas pela internet mais populares da China.

A preocupação pela má qualidade do ar se transformou no tema mais recorrente na China, como no Weibo (o Twitter chinês), com cerca de 7,68 milhões de comentários de internautas que exigem um maior controle da poluição do ar e colocam o crescimento econômico do país e a qualidade de vida atual como os principais focos desta poluição.

Inclusive os meios de imprensa oficiais chineses criticam a má qualidade do ar. "A poluição nos alerta: se seguirmos por este caminho de desenvolvimento ao invés de ajustá-lo, o prejuízo a longo prazo será sério", afirma o editoral do jornal Global Times.

O Serviço Nacional do Clima informou hoje que a cidade de Tianjin e as províncias de Hebei, Henan e Shandong (juntas à Pequim) continuam com uma visibilidade inferior aos mil metros. A falta de visibilidade obrigou o cancelamento de 20 voos em Pequim, que se soma aos 30 suspensos no domingo (13).

A segunda economia mundial descuidou do meio ambiente durante décadas em prol de um rápido desenvolvimento industrial, o que produziu uma grave degradação de sua atmosfera, seus rios e lagos. Segundo o Greenpeace, só em 2012 os altos níveis de poluição do ar causaram cerca de 8.500 mortes prematuras em Pequim, Xangai, Cantão e Xian.