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Vik Muniz sofre concorrência de artistas populares na Rio+20

Mauricio Stycer

Do UOL, no Rio

15/06/2012 16h40

Artista de maior prestígio na programação da Rio+20, Vik Muniz deu início nesta sexta-feira a uma instalação-gigante, intitulada Projeto Paisagem, feita com lixo reciclado, mas não foi o único a brilhar no Aterro do Flamengo.


O agrônomo Zemildo Barreto, por exemplo, deu várias entrevistas no esforço de explicar o seu “Parque das Árvores Queimadas”, feito com madeira escurecida. “É necessário queimar a indiferença e não as vivas florestas”, discursou.

Questionado por uma repórter estrangeira, Zemildo tentou ser didático. “Sabe o Krajceberg?”, perguntou, referindo-se ao artista polonês radicado no Brasil, que desenvolveu toda uma obra com as marcas da floresta.  “A diferença do meu trabalho com o do Krajceberg é a minha formação. Ele é artista e eu sou engenheiro agrônomo”. Realmente, faz toda diferença.

Outro artista, Jeremias Soares dos Santos, vulgo São Verdão, mostrava as possibilidades de associar futebol e meio ambiente. Armou um painel com imagens dos principais times do Rio e mensagens enigmáticas. “Quero unir as torcidas em prol do meio ambiente. Trazer paz para a Copa do Mundo”.

Não longe dali, a sacerdotisa Yakolecy não tinha tempo para mostrar os seus talentos. Liderando um grupo de 35 pessoas de Rondônia, “o pessoal indígena, do artesanato, do hip hop e estudantes”, ela buscava um lugar para hospedar e alimentar a tropa. Todos foram deixados no meio do Aterro do Flamengo de mala e cuia.  

A opção mais em conta para alimentação era o quitute oferecido por Ubiraci Martins. “Pele – 1 real”. Na verdade, um salgado feito com farinha de soja e bacon, frito. “Tem muita gente querendo comer o salgadinho”, festejou. Obra-prima da culinária insalubre num evento de meio-ambiente, a pele vendida por Martins realmente agradou.

Vik Muniz não apareceu na abertura de sua instalação. Segundo seus assistentes, o artista só vai colocar a mão na massa a partir deste sábado. O projeto é preencher uma linda paisagem da baia de Guanabara com lixo reciclado trazido pelos próprios visitantes.

“Projeto Paisagem tenta traçar paralelos entre a realidade do mundo material e a maneira como ela é apreendida através dos sentidos”. Essa é a definição do trabalho de Muniz. Pode servir para entender outras obras também. Ou não.