Síndrome, morte de pássaros: quais os impactos causados por usinas eólicas

A energia eólica, gerada a partir dos ventos, considerada uma das alternativas a fontes não renováveis e uma aliada no combate às mudanças climáticas, também têm impactos ambientais e na saúde das pessoas que vivem perto de parques de geração de energia.

O que aconteceu

Síndrome da turbina eólica é gerada pela exposição aos ruídos e aos infrassons Segundo o colunista do UOL Carlos Madeiro, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a UPE (Universidade De Pernambuco) deram início a um estudo sobre esse problema que pode estar acometendo pessoas que moram nas proximidades destes locais.

Principais sintomas são os problemas auditivos, no sono, na concentração e aprendizagem, além de tontura, instabilidade e náuseas, além de dores de cabeça. Dados coletados no sítio Sobradinho, em Caetés (PE), cidade onde nasceu o presidente Lula (PT), mostrou que 57% dos moradores ouvidos demonstraram interesse em sair do local —as eólicas foram o motivo apresentado por 70% deles. Na comunidade, 60% dos moradores responderam ter algum problema mental.

Brasil tem 1.063 parques eólicos em 12 estados, com capacidade instalada de 32 GW de operação. A maior parte fica no Nordeste. O montante equivale a quase 13% da capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional, segundo dados da Abeeólica (Associação Brasileira de Empresas de Energia Eólica).

Os impactos ambientais provocados pelas usinas passam pela impermeabilização do solo e mudança de rota das onças. Reportagem de Ecoa mostrou que onças-pardas que vivem na Área de Proteção Ambiental do Boqueirão da Onça, no norte da Bahia, estão mudando seu padrão de deslocamento por causa das usinas. O mesmo foi documentado para onças-pintadas que vivem na região, que tem quatro complexos eólicos em funcionamento.

Pássaros batem nas pás. As aves também são impactadas pela presença das turbinas. Muitas são afugentadas pelas torres, mas algumas acabam batendo nas estruturas. Paula Tavares, mestre em geografia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), disse ao UOL em 2022 que tecnologias podem evitar esse tipo de impacto. Pás pintadas de preto, por exemplo, reduzem a morte acidental de pássaros em até 70%. Também é possível instalar radares que detectam a aproximação de bandos de aves, fazendo com que as máquinas sejam desligadas para evitar colisões.

Projetos antigos têm problemas, diz associação. Segundo a Abeeólica, projetos aprovados antes de 2014, como é o caso de Sobradinho, "podem, de fato, estar fora de alguns dos parâmetros atualmente estabelecidos pelo Conama, uma vez que à época não existiam." A entidade ressalta que as empresas atuais gestoras não estão medindo esforços para promover um trabalho constante de mitigação e suporte para a comunidade.

Impacto existe, mas é menor do que o de outras atividades, defende a entidade. Sandro Yamamoto, diretor técnico da ABEEólica, disse a Ecoa em 2023 que todo projeto eólico passa por rigorosos processos de licenciamento ambiental, além de uma avaliação de questões sociais. Ele reconhece que os parques têm impactos ambientais, mas afirma que os efeitos são muito menores do que os registrados em outras atividades. "O setor eólico tem um grande trabalho de preservação", diz.

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