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Restam 8,5% da vegetação original da Mata Atlântica, diz levantamento

Do UOL, em São Paulo

04/06/2013 14h54

Do total da Mata Atlântica, 23.548 hectares ou  235 Km² de vegetação foram suprimidos. Hoje, com o mapeamento de toda a área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, o que resta do bioma original é 8,5% - sendo o bioma mais ameaçado do Brasil. Em 2012, houve o maior desmatamento desde 2008. Os dados foram divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta terça-feira (4), com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica no período de 2011 a 2012.

Neste levantamento foi incluído o Estado do Piauí, que fez a taxa de preservação da floresta subir de 7,9% para 8,5%.  Se  forem considerados todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3 hectares (ha), o índice chega a 12,5%. Do total, 21.977 ha  correspondem a desflorestamentos, 1.554 ha  a  supressão  de  vegetação  de  restinga  e  17 ha a supressão  de vegetação de mangue. Assim, o Brasil perdeu cerca de 23 mil campos de futebol do bioma.

Minas Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os Estados com situação mais crítica. Minas é o campeão do desmatamento pela quarta vez consecutiva, sendo responsável pela metade da destruição da Mata  Atlântica no período analisado, com total de 10.752 hectares do bioma perdidos – o aumento na taxa de desmate no Estado foi de 70% comparado com o período anterior. Já os destaques positivos são Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, que tiveram redução de desmatamento de 93% e 92% respectivamente.

Na comparação dos 10 Estados avaliados em todos os períodos (BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP), o aumento do desmatamento foi de 29% em relação ao período anterior (2010-2011) e de  23%  em  relação aos três últimos anos (2008-2011). A taxa anual de desmatamento é a maior desde 2008. No período 2008 a 2010, a taxa média anual foi de 15.183 hectares. No levantamento de 2010 a 2011, a taxa anual ficou em 14.090 ha.

O  levantamento apresenta, pela  primeira  vez, os  remanescentes  florestais do Piauí, que totalizam 34% da área original no Estado protegida pelo Mapa da  Área  da  Aplicação  da  Lei da Mata  Atlântica  (11428/2006).  “As áreas  do Piauí  abrangidas  pelo  Mapa  da  Aplicação  da  Lei  possuem  formações florestais naturais características do bioma em bom estado de conservação, mas a pressão das carvoarias, silvicultura e agora também da soja é grande no Estado“, observa Marcia Hirota, diretora  de  Gestão  do Conhecimento  e  coordenadora  do  Atlas  pela  SOS  Mata  Atlântica.

"A área de regeneração só será vista em 15 anos", destaca Flávio Jorge Ponzoni, do Inpe. Ele destaca ainda que esta nova edição do estudo apresenta  a versão preliminar do Mapa do Bioma Mata Atlântica, que inclui as áreas naturais como campos, várzeas, refúgios, cordões de restinga e dunas, o que difere das versões anteriores que apenas mapeavam os remanescentes florestais.

Marcia lembra que a maior parte do que resta da Mata Atlântica são propriedades particulares, então é necessário atuar com políticas públicas neste sentido. "É necessária a criação de Unidades de Conservação públicas ou privadas, e aumentar a conscientização da população para que visitem essas áreas. Além de pressão do governo na criação de parques e todo o esforço para que tudo o que temos hoje seja de fato preservado e esforço para regenerar".

Manguezal e Restinga

Pernambuco foi o único Estado que perdeu área de manguezal: 17 hectares. Os  manguezais  funcionam  como  berçários  marinhos  e  são  áreas  muito importantes  para  atividades  como  a  pesca.  Na  Mata  Atlântica,  o  total  de vegetação de mangue corresponde a  224.954 ha,  sendo que Bahia  (61.478 ha), Paraná (33.422 ha), São Paulo (24.891 ha) e Sergipe (22.959 ha) são os Estados que possuem as maiores extensões. 

Já o maior desmatamento na vegetação de restinga (observada ao longo do litoral)  aconteceu  em São João da Barra  (RJ),  com  937  hectares, para implantação do Superporto do Açu. O município foi também o campeão de desmatamento no período.

A vegetação de restinga na Mata Atlântica equivale a 570.690 ha. São Paulo possui  a  maior  extensão (206.308  ha),  seguido do Paraná  (100.335  ha) e Santa Catarina (77.336 ha). Além do Rio de Janeiro, também foi observada a supressão de restinga na Bahia (32 ha), no Ceará (319 ha), em Santa Catarina (257  ha)  e  em  Sergipe  (10  ha). No  país  todo  a  restinga sofre com os empreendimentos, obras  de  infraestrutura e  especulação  imobiliária  – as construções  de  casas,  hotéis  e  resorts  acabam  retirando  a  vegetação  para
poder ficar com o "pé na areia".

Agora, os municípios com maior porcentagem de vegetação nativa estão no Piauí: Tamboril do Piauí e Guaribas mantêm  96% da área original de Mata Atlântica. Guaribas também é o município com a maior área de vegetação nativa: 176.794 hectares.