Empresa cria couro à base de cogumelo e promete vender 1 ª bolsa em junho

No meio de uma floresta, os fungos se espalham lentamente pelos troncos das árvores em redes complexas e ramificadas. O micélio, a estrutura raiz de fungos como os cogumelos, cresce absorvendo nutrientes do meio ambiente e é surpreendentemente forte e durável: quando removido de um tronco, essa estrutura se parece com um tapete feito de uma espuma densa, cheia de textura.
Assim que avistou o material, Dan Widmaier --fundador e CEO da Bolt Threads, uma startup especializada no cultivo de fibras inspiradas na natureza-- achou o micélio um tanto parecido com o couro.
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A empresa, no mercado há nove anos, é mais conhecida por criar a Microsilk, uma bioengenharia de polímeros que imita a seda da aranha. A novidade agora é o Mylo, a transformação do micélio em uma espécie de couro, produto que será lançado em junho deste ano na forma de uma bolsa de luxo. O preço ainda é segredo, mas, no início, deve custar “centenas de dólares”.
Depois de crescer o suficiente, corta-se o “tapete” em fatias. Esse material é curtido de forma muito semelhante ao processo realizado com o couro de animais. “O que torna o processo menos nocivo ao meio ambiente”, diz Widmaier, “é em parte porque o micélio não apodrece como a pele de animal, e, por isso, não precisa ser tratado com grandes quantidades de sal e produtos químicos.”
O couro à base de cogumelo é também muito mais sustentável do que o tradicional. Quando separado de outros materiais que compõem uma bolsa, o produto é biodegradável, desfazendo-se sem agredir a natureza. Outra vantagem é que o crescimento do micélio em laboratório é renovável e de baixo impacto em comparação com a indústria de gado.
Por esta razão, o couro de cogumelo é semelhante a outras alternativas de couro biofabricados que chegam ao mercado. A Modern Meadow, uma startup de Nova Jersey, desenvolveu a Zoa, uma substância líquida produzida a partir de colágeno. Ela pode ser moldada em qualquer forma e, como o Mylo, é curtida para parecer couro.
Suzanne Lee, diretora de criação da companhia, promete colocar o produto no mercado no início do ano que vem. A Mylo difere da Zoa na medida em que é cultivada em folhas grandes e cortada para formar produtos, enquanto a Zoa é despejada em moldes.
Embora o couro biofabricado ainda seja apenas uma fração do mercado geral de couro, ele vem crescendo e assanhando os investidores, ansiosos para entrar no negócio: a Bolt Threads fechou uma rodada de financiamento de US$ 123 milhões (R$ 425 em valores de hoje) em janeiro.
Widmaier diz que não está preocupado com a competição entre as várias startups. “O desafio aqui é de sustentabilidade em escala global”, diz ele. A indústria do vestuário produz entre 80 e 100 bilhões de peças por ano. “O mercado é enorme e, se precisar, haverá mais empresas trabalhando nesse nicho.”
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