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Novo ciclone e frente fria: quais regiões devem ser atingidas por temporal?

Vista de Muçum, no Rio Grande do Sul, devastada por temporal Imagem: Silvio Avila/ AFP

Do UOL, em São Paulo

12/09/2023 04h00

Um novo temporal deve atingir o Rio Grande do Sul nos próximos dias — o estado ainda enfrenta as consequências das fortes chuvas que deixaram dezenas de mortos e milhares de desalojados.

Uma frente fria chega pelo sul do estado, provocando pancadas de chuva forte, granizo e rajadas de vento na metade sul e no oeste do estado. Há ainda previsão de um ciclone extratropical na costa do Rio Grande do Sul, na quarta.

Segundo meteorologistas, os fenômenos podem ficar mais intensos devido ao El Niño.

Chuva começa no sul do RS

A tempestade deve atingir primeiro o sul do Rio Grande do Sul, além da Campanha Gaúcha, parte que faz fronteira com o Uruguai e Argentina, abrangendo cidades como Bagé, Jaguarão e Quaraí. Depois, a chuva vai "subir" para a região central e noroeste do estado. Poderá chover de forma isolada nas áreas entre os municípios de Lajeado e Roca Sales, além de Porto Alegre.

Há risco de granizo e ventania para o estado, de acordo com a Climatempo.

A frente fria, antes de se afastar, vai contribuir para espalhar mais chuva pelo Rio Grande do Sul. Alguns fatores devem reforçar a instabilidade na região, como fluxo de umidade em níveis baixos da atmosfera e o deslocamento de uma área de baixa pressão no Paraguai.

Deve chover desde cedo hoje (terça-feira) em todo o estado. Na Serra e no norte gaúcho, as pancadas de chuva acontecem a partir da tarde desta terça-feira.

Chuvas fortes causam mortes, estragos, enchente e deixa centenas de pessoas desabrigadas. Na foto, o Rio Passo Fundo Imagem: RAFAEL DALBOSCO/ESTADÃO CONTEÚDO

Formação de ciclone na quarta

Novo ciclone se aproxima. Na quarta-feira, a área de baixa pressão que atuava sobre o Paraguai se desloca, alcançando o oceano durante a noite e causando um novo ciclone extratropical e uma nova frente fria. A previsão é de chuva em todo o estado.

Várias áreas atingidas. Na manhã de quarta, a previsão é de forte chuva entre o sul gaúcho, a Campanha e o noroeste do estado. Mais tarde, a Grande Porto Alegre, a região dos Vales, a Serra e o norte gaúcho terão tempestades também. Há previsão de ventos fortes para todo o estado.

Entre quarta e quinta, a formação do ciclone extratropical, perto da costa do Rio Grande do Sul, realiza a troca de massa e intensifica as chuvas. Conforme ele vai se deslocando para o oceano, a chuva diminui e os ventos aumentam.
Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet

O ciclone extratropical se intensifica sobre o oceano na quinta-feira, mas os ventos associados a ele terão impactos pelo Rio Grande do Sul, sendo mais intensos especialmente na faixa litorânea.

Essa circulação de ventos contribui para mais chuva na maior parte do estado. Na quinta-feira, a chuva mais forte se concentrará por áreas do leste e do nordeste do estado.

Mesmo com a chuva diminuindo, teremos uma queda brusca de temperatura, caindo de 15 a 20 graus em dois dias, causando frio em áreas que foram impactadas pelas chuvas, com muito desabrigados.
Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet

A frente fria vai seguir para os estados de Santa Catarina e Paraná, a partir de sexta-feira. No Rio Grande do Sul, o tempo ficará seco.

De acordo com o Inmet, os maiores acumulados de chuva no estado serão:

Do centro para o sul e oeste do estado, entre 150 e 200 milímetros (mm).

Em alguns pontos dessas áreas, há possibilidade de volume de até 300 mm;

Na faixa central, entre 80 e 100 mm;

No norte do estado, entre 50 a 100 mm.

El Niño e aquecimento global intensificam fenômenos

Em anos de El Niño, os estragos após tempestades podem ser mais intensos, explica o meteorologista do Inmet.

A partir da primavera, o fenômeno intensifica tudo, há sempre o risco de mais transtornos. Sabemos que o El Niño e o aquecimento global podem favorecer estragos maiores. Se tem mais alguma coisa além disso, ainda precisamos estudar.
Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet

Aquecimento global também interfere. Pedro Camarinha, pesquisador do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), lembrou que, em julho deste ano, o planeta bateu o recorde de temperatura média mais alta já registrada devido ao aquecimento global.

Isso significa, de um modo geral, que tem mais energia na atmosfera, além de mais umidade durante esses eventos. Isso se manifesta em eventos com chuvas mais volumosas e que, às vezes, ocorrem em regiões muito grandes, como aconteceu no Rio Grande do Sul.
Pedro Camarinha

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