Carlos Madeiro

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Reportagem

Vídeo de 2018 mostra ponte MA-TO com buracos, rachaduras e ferragem exposta

Um vídeo produzido em abril de 2018 revela que a ponte Juscelino Kubitschek, que ligava Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), apresentava problemas estruturais graves e necessitava de uma intervenção.

Na tarde deste domingo, parte da estrutura colapsou e caiu no rio Tocantins. Caíram na água quatro caminhões, três motos, duas caminhonetes e um carro de passeio. Até a tarde desta segunda-feira (23), 15 pessoas estavam desaparecidas e uma morreu.

Nas imagens é possível ver grandes buracos no chão da pista, rachaduras em vários pontos e até vigas expostas e corroídas no local.

A reportagem foi conduzida pelo jornalista Josivaldo Salles, publicada à época no Facebook do portal Estreito em Foco, e republicada nesta segunda-feira.

O material foi produzido após denúncias de moradores e motoristas que passavam diretamente pelo local e temiam por uma tragédia.

As imagens são provas concretas de que o problema já era uma preocupação de todos os usuários da ponte, menos dos responsáveis pela avaliação e manutenção. De lá pra cá não foram realizados quaisquer serviço de reparos.
Elmodan Gregorio, professor e proprietário do Estreito em Foco

Desastre já estava acontecendo

A coluna mostrou as imagens do vídeo ao perito Marcelo Daniel Melo, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias em Engenharia em Alagoas.

A ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que liga Aguiarnopólis (TO) e Estreito (MA) cedeu na manhã deste domingo (22)
A ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que liga Aguiarnopólis (TO) e Estreito (MA) cedeu na manhã deste domingo (22) Imagem: Reprodução

Ele explica que as corrosões mostradas no vídeo são o início de um processo de "danos maiores futuros". "Isso ocorreu em razão das infiltrações que foram acontecendo. Elas são silenciosas, mas quando aparecem, já está ocorrendo o desastre", diz.

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A manutenção de obras de construção tem que ocorrer, no mínimo, a cada 5 anos. No caso dessa ponte, que já apresentava corrosões há 6 anos, era para logo ter sido feita uma manutenção geral.
Marcelo Daniel

Outro ponto que ele chama atenção é que as cargas dos caminhões no ano de 1960, quando a ponte foi construída, eram inferiores. "Não existiam carretas duplicadas transportando cargas maiores.

Hoje os caminhoneiros aumentam por conta própria o peso das cargas, sem que sejam recalculadas as pontes e viadutos. Acredito ser também um dos fatores, além da falta de manutenção da ponte.
Marcelo Daniel

Em entrevista nesta segunda-feira, o ministro dos Transportes afirmou que a pasta abriu sindicância para apurar "causas e responsabilidades". A apuração pode responder, por exemplo, se havia algum alerta para o risco de a ponte cair e por que a não interditaram.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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