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Pais não devem bancar padrão de vida de jovens que saem de casa

Especial para o UOL

07/09/2016 06h00

Certo dia, há muito tempo atrás, um pai me ligou e marcou uma consulta comigo. Ele queria discutir questões financeiras relacionadas à sua filha adolescente de 16 anos, recém-completados.

Ao chegar no escritório, o pai estava acompanhado da mãe de sua filha e foi então que eu soube que eles já não eram casados há mais de 11 anos. Contudo, como o amor pelos filhos é para sempre, eles procuravam encontrar formas em comum de como orientar a filha. Ambos, com outros relacionamentos estabelecidos há anos, não se descuidavam da missão de pais. 

O fato é que a adolescente já tinha decidido qual curso faria na faculdade e já antecipara aos pais que havia escolhido uma carreira que não remunerava muito bem. Não vou aqui citar qual mas, de fato, as estatísticas mostram que a renda média era um tanto baixa para o curso escolhido pela jovem.

O segundo ponto relevante foi a moça deixar bem claro de que por muito tempo ela precisaria da ajuda dos pais para se manter até que conseguisse algum destaque na carreira, e, consequentemente, uma melhor remuneração.

Diante desse quadro havia um dilema para os pais: a filha deveria mudar a sua escolha de carreira enquanto havia tempo e aceitar uma eventual frustração ocupacional ou deveria manter a opção profissional desejada, mesmo correndo o risco de frustração financeira e consequente redução de padrão de vida?

Bem, em primeiro lugar nenhuma carreira é garantia de riqueza ou destino de pobreza. E, em segundo lugar, seja qual for a decisão de um jovem, os pais não devem bancar seu padrão de vida quando ele sai do ninho. Por estranho que possa parecer, essa atitude indica amor.

Aconselhei que tivessem uma conversa aberta sobre a vida adulta e suas responsabilidades e também disse que, hoje em dia, é muito comum ver jovens saírem de casa somente quando conseguem o conforto com o qual estão acostumados. Esse tipo de comportamento ocorre principalmente com os de classe média-alta. 

Eles se esquecem da luta dos pais para atingirem o patamar atual e também não se lembram –ou nunca lhes foi mostrado– o árduo caminho percorrido, cheio de perrengues, batalhas diárias e conquistas obtidas ao longo do tempo, além de muita dedicação.

Mostrar a história pessoal dos pais é educar financeiramente. Amor também se mostra dizendo “não” e estimulando conquistas. Isso traz ao mundo filhos fortes e melhores.

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