Silêncio e omissão
![Israelenses usam cartazes de parentes mantidos reféns pelos Hamas em protesto em rodovia em Tel Aviv Israelenses usam cartazes de parentes mantidos reféns pelos Hamas em protesto em rodovia em Tel Aviv](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/4b/2024/03/15/israelenses-usam-cartazes-de-parentes-mantidos-refens-pelos-hamas-em-protesto-em-rodovia-em-tel-aviv-1710531180256_v2_900x506.jpg)
Um relatório da ONU divulgado há poucos dias cita indícios de violência sexual contra mulheres durante o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro.
Importantes segmentos da vida política do Brasil, que tanto se orgulham de defender as mulheres e as minorias, passaram ao largo do tema. Certamente, porque a violência contra mulheres judias afronta certezas pré-estabelecidas pela cegueira ideológica atual.
Daqui para frente, que se dê o nome certo à bandeira empunhada por estes que se omitem: defesa dos "direitos de alguns humanos", os que convém à estratégia de encaixar fatos na narrativa pronta, em vez de construir as narrativas a partir dos fatos.
Escolher e manipular informações para servir a um propósito malicioso é uma técnica amplamente usada pela desinformação. Na maioria das vezes, a verdade exige entender os contextos completos e discutir questões com profundidade e coragem.
A honestidade e a integridade são fundamentais para um diálogo construtivo. Hoje, infelizmente, quem deveria dar o exemplo investe tempo e energia não no diálogo, mas apenas em "ter razão", mesmo que essa razão só se sustente na frágil colagem de partes incompletas, que passam a ter a falsa aparência de um todo.
Não é só no Brasil que isto ocorre. O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, alerta para o fato de que, cinco meses depois do ataque terrorista do Hamas, "nem uma única" discussão foi realizada sobre o bem-estar dos reféns ou sobre a violência sexual cometida pelo grupo extremista.
É de John Kennedy a frase: "Quase sempre preferimos o conforto da opinião ao desconforto da reflexão." Quando a ideologia é colocada acima dos princípios e dos valores fundamentais, colhemos distorções e injustiças. Os princípios e valores devem guiar as ações e políticas, em vez de estarem submetidas a elas. Só assim a democracia e a liberdade prosperam.
Uma organização terrorista comete um genocídio: invade um país com a intenção declarada de matar todos os judeus que encontrar pela frente. A vítima passa a se defender e, automaticamente, é classificada como agressora.
Acabar com o conflito atual é simples. Basta que o Hamas liberte os reféns, reconheça o direito à existência de Israel e abdique do terrorismo.
A África do Sul, que enfrenta críticas por violações dos direitos humanos em várias áreas, propôs, com apoio do Brasil, uma ação em Haia. A conclusão foi a de que Israel tem o direito a se defender, que os reféns devem ser soltos e que cuidados devem ser tomados para que não ocorra um genocídio. Automaticamente, a pauta muda, já que os fatos afrontam a narrativa construída antes deles.
A boa liderança também é resultado da coerência entre discurso e atitude. O poder é transitório. A verdade, felizmente, não.
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