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Disputa à Prefeitura de Belém não é entre candidatos, mas oligarquias

A disputa pela Prefeitura de Belém não será entre meros candidatos, mas entre oligarquias. De um lado, Igor Normando (MDB), e do outro, o Delegado Éder Mauro (PL). Isso, adicionando disputas em torno das questões climáticas no mundo, já que a cidade receberá a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) no ano que vem.

Éder Mauro, delegado e deputado federal por três mandatos, é o principal nome da extrema direita e do bolsonarismo no estado. Acumulando acusações na corregedoria da Polícia Civil - muitas delas arquivadas - por crimes como tortura, execução e agressão, ele tem construído uma narrativa forte em defesa de pautas como o Marco Temporal, o garimpo e o negacionismo climático.

Mesmo afirmando que será o "prefeito da COP30", suas posições em relação ao meio ambiente levantam sérias dúvidas sobre que tipo de contribuição ele traria para o debate climático global.

Além disso, sua candidatura também é um esforço para consolidar o poder da sua família. Sua vice, Tatiane Coelho, é casada com seu filho, Rogério Barra, deputado estadual. Uma possível vitória seria a consolidação de uma oligarquia familiar que rivalizaria com os Barbalhos, família do governador do estado, Helder Barbalho.

Igor Normando, por outro lado, é primo do governador. Sua candidatura representa a continuidade do modelo político familiar que domina o Pará há décadas. Com parentes em diversas esferas do governo, incluindo a mãe - deputada federal - e o irmão - ministro das Cidades do governo federal -, Igor se apresenta como a face jovem do barbalhismo.

Mas suas propostas seguem a mesma linha neoliberal populista que caracteriza os governos da família desde a época de Jader Barbalho, ex-governador e pai de Helder.

Enquanto Éder Mauro tenta estruturar uma dinastia política para desafiar os Barbalhos, Igor busca manter o controle da capital sob a influência familiar já consolidada no estado.

Nas pesquisas recentes, Igor Normando aparece com vantagem de 10 pontos percentuais. A diferença não é enorme, o que indica que a disputa pode ser decidida nos detalhes.

O futuro da esquerda em Belém

Essa é mais uma eleição em Belém em que a esquerda não está na disputa. É o 11º pleito desde a redemocratização do país. Desde então, apenas três eleições foram vencidas por partidos de esquerda na cidade, todas pelo atual prefeito Edmilson Rodrigues - foram duas vitórias pelo PT e a última pelo PSOL.

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Edmilson tentou a reeleição neste ano, mas não foi ao segundo turno, tornando-se o primeiro prefeito de Belém a não conseguir a reeleição à cadeira.

Esse pleito deixa a esquerda em Belém profundamente enfraquecida. Com a rejeição a Edmilson Rodrigues e a falta de renovação, a esquerda na capital precisa urgentemente de uma autocrítica.

É necessário tomar medidas para conter o desgaste de sua imagem pública e conseguir voltar a ter poder político, entre eles a autocrítica e avaliação interna, reconhecimento público de erros, rever acordos que remetem à velha política de sempre e principalmente, voltar verdadeiramente a sua essência que busca a justiça social.

Talvez seja a hora dos velhos caciques da esquerda paraense abrirem espaço para novos nomes e traçar estratégias que possam trazer resultados mais duradouros no futuro.

*Cecília Amorim é jornalista, apresentadora, cofundadora da Agência Carta Amazônia e coordenadora da Escola Carta Amazônia de Jornalismo Socioambiental.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Ao contrário do informado anteriormente, Éder Mauro é deputado, e não ex-deputado. A informação foi corrigida.

Opinião

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4 comentários

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Lourival Andrade Nascimento

Senhora, como prometido, fiz a senhora ficar " famosa " em face da CENSURA que praticou ao meu comentário com palavras RIGOROSAMENTE dentro das regras da CIVILIDADE. Então, caso queira, consulte canais no Facebook do Uol, Revista Oeste, Folha de São Paulo, Estadão, Diário do Poder, Congressistas, Metrópoles, Veja, do próprio candidato Éder Mauro, Gazeta do Povo, O Globo, Globo News, Revista Crusoé e assinantes do Uol, pessoas comuns como eu. 

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Lourival Andrade Nascimento

Vou dar à senhora o BENEFÍCIO DA DÚVIDA, coisa que a CENSURA da senhora não me deu. Inserirei novamente o meu comentário original que ensejou a sua raivosa CENSURA, por eu mostrar aos assinantes do Uol que a senhora fez uma matéria sem conhecer Suas Excelências a VERDADE e os FATOS. Caso contrário, escancararei nas redes sociais de Congressistas, imprensa concorrente e muitos outros assinantes. 

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Lourival Andrade Nascimento

A HIPOCRISIA da senhora lhe DENUNCIOU como um arremedo de Torquemada de saia, mas sem rumo. A palavra PARABENS aprovada pela senhora mostra claramente a sua parcialidade, a sua indigência moral e profissional.  De maneira, então, que me sinto no DIREITO DE ASSINANTE de expor na imprensa concorrente, Congressistas e influenciadores, a senhora, o Uol e por extensão a senhora Alexandra, Ombudsman do Grupo Folha. E pensar que o termo sueco OMBUDSMAN significa " Representante do Cidadão ". Nós assinantes do estamos bem de " Representante ".

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