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Marcha do MST interdita uma das principais avenidas de Recife

Da Agência Brasil<br>Em Brasília

19/04/2010 13h44

Quase dois mil integrantes do MST paralisaram o trânsito de uma das avenidas mais movimentadas de Recife, a Agamenon Magalhães, durante 40 minutos, no início da manhã de hoje (19). A finalidade é agilizar processos de reforma agrária no Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). Além disso, os trabalhadores rurais sem terra ocupam a sede da superintendência do instituto em Pernambuco desde sábado (17).

Segundo Cassia Bechara, dirigente estadual do MST de Pernambuco, as principais reivindicações do movimento são o assentamento das 90 mil famílias acampadas em todo o país e o aumento de investimento em infraestrutura, além de apoio à agricultura familiar após a entrega da terra. Ela disse que ao todo, são 17 mil famílias acampadas no estado.

As atividades da instituição estão interrompidas e não há previsão para a desocupação. “Vamos ficar por tempo indeterminado e nesta semana, pelo menos, não saímos. Já temos várias ações agendadas, tanto de mobilização quanto de contato com a população de Recife”, afirma Cassia.

Estão programadas visitas às comunidades carentes da Vila dos Milagres, Ilha de Deus e de Josué de Castro, com mutirões de limpeza e de doação de sangue. Os trabalhos vão ocorrer na quarta-feira (21), aproveitando o feriado de Tiradentes e a folga nas negociações.

As ações no estado fazem parte da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária. Desde que começou, em 11 de abril, foram realizadas mais de 50 ações em todo o país, incluindo ocupações e marchas. Em Pernambuco foram invadidos 23 fazendas e engenhos. “A intensificação das ações ocorre aqui porque este é um dos estados campeões em conflitos agrários, com 25% de população vivendo no campo e 57% de propriedades consideradas improdutivas”, explica Cassia.

De acordo com o superintendente do Incra em Pernambuco, Abelardo Siqueira, o diálogo com os trabalhadores ainda nãocomeçou porque eles não apresentaram a pauta de reivindicações. “Por enquanto está previsto o assentamento de 1,4 mil famílias neste ano”, explica.

Todos os anos, a mobilização do MST ocorre no mês de abril em homenagem às vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás, município paraense. Em 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores foram mortos em confronto com a Polícia Militar do Pará.