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Lula espera avaliação de governadores para definir verbas às cidades do Nordeste afetadas pela chuva

Município de Rio Largo, em Alagoas, é atingido pela forte cheia do rio Mundaú - Thiago Sampaio/Agência Alagoas
Município de Rio Largo, em Alagoas, é atingido pela forte cheia do rio Mundaú Imagem: Thiago Sampaio/Agência Alagoas

Camila Campanerut<br>Do UOL Notícias<br>Em Brasília

21/06/2010 15h24

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou nesta segunda-feira (21) que o governo federal já tem recursos para destinar às regiões afetadas em Alagoas e Pernambuco pelas chuvas, mas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aguarda o parecer dos governadores dos dois Estados para definir quanto será destinado e para quais localidades.

“Já tínhamos editado na última semana uma medida provisória que estabelece recursos nacionais para ações de emergências das enchentes. Ou seja, tem recursos disponível para que os estados de Alagoas e Pernambuco apresentem de imediato suas propostas”, disse.

A medida provisória citada pelo ministro destina R$ 1,2 bilhão para crédito extraordinário em favor dos Ministérios da Educação e da Integração Nacional.

Mais cedo, Lula havia prometido enviar recursos federais e criar um hospital de campanha para ajudar as vítimas das chuvas. Até o momento, 31 pessoas morreram nos dois Estados (12 em Pernambuco e 19 em Alagoas) e mais de 70 mil estão desabrigadas.

“O primeiro cuidado é salvar vidas. O hospital de Palmares [em Pernambuco, na divisa com Alagoas] foi totalmente alagado. Nós estamos preparando um hospital de campanha da Aeronáutica para mandar para lá, e vamos ver, a partir de agora, como é que baixa a água para gente poder começar a limpar a cidade”, afirmou Lula nesta segunda-feira (21), durante o seu programa de rádio Café com o Presidente.

O presidente ainda explicou que a reconstrução das casas só poderá ser feita num segundo momento, quando o nível da água baixar e todos os feridos forem atendidos. “Nós temos que esperar agora a água baixar para gente poder fazer o levantamento real dos prejuízos e ver aquilo que a gente pode fazer. Teve várias pontes que caíram, inclusive de estradas que nós estávamos construindo, que vai levar algum tempo para recuperar, mas nós temos que trabalhar com toda a urgência. Eu tenho certeza que nós vamos dar conta”, garantiu.

No fim do dia, o presidente deve se reunir com o governador de Alagoas, Teotonio Vilela, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para definir quais medidas emergenciais o governo federal poderá adotar para ajudar as vítimas da chuva.

Cidades que decretaram calamidade pública

Nesta segunda-feira (21), o Diário Oficial de Alagoas traz publicado um decreto de estado de calamidade pública para 15 municípios atingidos pelas enchentes desde a última sexta-feira (18). O Estado já registra, de acordo com balanços parciais, 19 mortes, 1.087 desaparecidos e 57.673 desabrigados e desalojados.

Integram a lista as cidades em calamidade pública: Quebrangulo, Santana do Mundaú, Joaquim Gomes, São José da Laje, União dos Palmares, Branquinha, Paulo Jacinto, Murici, Rio Largo, Viçosa, Atalaia, Cajueiro, Capela, Jacuípe e Satuba.

Além deles, os municípios de Ibateguara, Jundiá, Matriz do Camaragibe e São Luiz do Quitunde decretaram estado de emergência. O prazo dos decretos é de 90 dias, podendo ser prorrogados por igual período.

O decreto de calamidade, assinado pelo governador Vilela Filho, prevê a convocação de voluntários para "reforçar as ações de resposta ao desastre", e a realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade. "As atividades serão cordenadas pela Coordenadoria da Defesa Civil", diz o texto. A medida também agiliza o envio de recursos estaduais e federais às prefeitruas, eliminando, por exemplo, a necessidade de licitações.

Segundo último relatório da Defesa Civil, Alagoas tem 19 mortes desde o inicio deste sábado. Foram confirmadas mortes em União dos Palamares (6), Rio Largo (3), Branquinha (3), São Luiz do Quitunde (3), Santana do Mundaú (2), Paulo Jacinto (1) e Joaquim Gomes (1).

O número de pessoas desaparecidas também não para de crescer. A Defesa Civil informou que ainda procura por 1.087 desaparecidos, sendo que estimativa é que mil deles estejam no município de União dos Palmares, o mais atingido pelas enchentes. A cidade, com 62 mil habitantes a 72 km de Maceió, está a mais de 48 horas sem energia elétrica e teve a grande maioria de edificações destruídas. Braquinha (50) e Rio Largo (30) também possuem números elevados de desaparecidos. As buscas continuam nesta segunda-feira com seis helicópteros.

Já o número de desabrigados e desalojados no Estado chegou a 57.673, além de 4.508 pessoas que deixaram as casas provisoriamente. Segundo o Estado, 21 cidades foram afetadas pelas chuvas, e 15 delas decretaram estado de calamidade pública. O número de casas destruídas já passa de 5.200. Muitos municípios não concluíram o relatório de danos e ainda não informaram os dados precisos.