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Gaúchos formam metade da bancada da bala no Congresso; conheça os parlamentares

Maurício Savarese<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

25/04/2011 07h00Atualizada em 25/04/2011 09h57

Treze gaúchos financiados pela indústria de armas foram eleitos no ano passado para o Congresso Nacional, um número que representa quase a metade dos deputados e senadores bancados por esse ramo. O Rio Grande do Sul concentra algumas das principais fabricantes do Brasil, hoje pressionadas pela possibilidade de um novo referendo sobre desarmamento, caso a Câmara e o Senado concordem com a ideia.

Está incluído na seção gaúcha da bancada da bala o deputado licenciado e secretário de Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque.

O levantamento foi feito pelo UOL Notícias com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sozinhos, os representantes do Rio Grande do Sul receberam doações de mais de R$ 500 mil diretamente de um negócio que sofre cada vez mais pressão após o massacre de crianças em uma escola da zona oeste do Rio de Janeiro.

Parlamentares aliados da indústria de armas, entre eles o gaúcho Ônyx Lorenzoni (DEM) --o que mais recebeu doações de empresas desse ramo--, rejeitaram as críticas de ativistas de direitos humanos após a tragédia no Rio de Janeiro, com 12 vítimas na escola Tasso da Silveira. Eles dizem que os financiadores de suas campanhas não tem culpa por problemas de fiscalização que facilitam o acesso a armamento ilegal no Brasil .

Quem é quem

A indústria de armas e munições doou mais de R$ 2 milhões a campanhas parlamentares. Forjas Taurus, Aniam (Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições) e CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) ajudaram a financiar diretamente 27 dos parlamentares hoje em Brasília. Essa quantia pode ser ainda maior porque as empresas também doaram a comitês que, sem identificar as doações, repassaram em 2010 valores a candidatos a cargos nos poderes Executivo e Legislativo em todo o país.

Os 13 gaúchos da bancada da bala no Congresso, e os respectivos valores ganhos durante a campanha, são: a senadora Ana Amélia Lemos (PP-R$ 50 mil); os deputados federais Ônyx Lorenzoni (DEM-R$ 250 mil); Afonso Hamm (R$ 40 mil), Jerônimo Goergen (R$ 30 mil), Luis Carlos Heinze (R$ 30 mil) e José Otávio Germano (R$ 20 mil), todos do PP; Vieira da Cunha (R$ 20 mil), Giovani Cherini (R$ 20 mil) e Enio Bacci (R$ 20 mil), do PDT; Mendes Ribeiro Filho (R$ 20 mil) e Alceu Moreira (R$ 20 mil), do PMDB; Nelson Marchezan Júnior (PSDB-R$ 15 mil) e o secretário Beto Albuquerque (PSB-R$ 30 mil), hoje licenciado.

Fora do Rio Grande do Sul, integram a bancada da bala os seguintes deputados federais: Sandro Mabel (PR-GO-R$ 160 mil), Abelardo Lupion (DEM-PR-R$ 120 mil), Moreira Mendes (PPS-RO-R$ 90 mil), Guilherme Campos (DEM-SP-R$ 80 mil), Lael Varella (DEM-MG-R$ 50 mil), Marcos Montes (DEM-MG-R$ 40 mil), Gonzaga Patriota (PSB-PE-R$ 40 mil), João Campos (PSDB-GO-R$ 40 mil), Silvio Costa (PTB-PE-R$ 30 mil), Valdir Colatto (PMDB-SC-R$ 30 mil), Eduardo Sciarra (DEM-PR-R$ 20 mil), Vicentinho (PT-SP-R$ 20 mil) e o licenciado Cezar Silvestri (PPS-PR-R$ 20 mil), que atua como secretário do Desenvolvimento Urbano do Paraná. Também recebeu ajuda o senador Demóstenes Torres (DEM-GO-R$ 30 mil).

Expoentes e fracassos

O campeão de verbas da indústria de armas é o deputado federal Lorenzoni, com R$ 250 mil. Candidato a prefeito de Porto Alegre em 2008, ele foi um dos principais articuladores da frente vencedora no referendo de 2005, que manteve a comercialização de armas de fogo no país. O segundo na lista é Sandro Mabel (PR-GO), com R$ 160 mil, seguido por Abelardo Lupion (DEM-PR), com R$ 120 mil.

Enfraquecido no Congresso após a saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fundador do PSD (Partido Social Democrático), o DEM continua com força na indústria de armas. Sete dos 27 parlamentares financiados pelo ramo pertencem ao partido. O PP é o segundo na lista, com quatro deputados e uma senadora. Em seguida vem o PDT, com três deputados federais –podendo chegar a quatro depois do julgamento de um caso de aplicabilidade da lei da Ficha Limpa.

A bancada poderia ser ainda maior se cinco outros candidatos em 2010 tivessem sido eleitos. Um deles recebeu R$ 80 mil em doações da indústria: Jorginho Maluly (DEM-SP). Tampouco se elegeram Elmar Schneider (PMDB-RS),  Paes de Lira (PT-SP), Sueme Pompeo de Mattos (PDT-RS) e Francisco Tenório (PMN-AL).