Evento de Milei terá Bolsonaro, herdeira de Trump e Steve Bannon
O presidente da Argentina, Javier Milei, irá reunir nesta quarta-feira alguns dos principais expoentes da extrema direita mundial. Num evento em Buenos Aires, ele irá acolher nomes como Steve Bannon, Lara Trump e, por videoconferência, o ex-presidente indiciado por golpe de estado Jair Bolsonaro.
A Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC), iniciativa que surgiu nos EUA e que ganhou contornos radicais nos últimos anos, será o palco para a defesa de uma agenda reacionária na região, assim como ataques contra a ONU e governos progressistas.
Bolsonaro, sem seu passaporte, não poderá fazer a viagem até o país vizinho. Mas terá sua participação virtual em um local de destaque. O brasileiro falará depois da intervenção de Lara Trump, considerada como uma das novas "estrelas" do partido republicano e até mesmo cotada para substituir no Senado o futuro chefe da diplomacia de Trump, Marco Rubio. Lara é casada com Eric Trump, filho do presidente eleito, e chamada como "herdeira" política de Trump.
Ainda que sem seu pai, o deputado Eduardo Bolsonaro estará presente em Buenos Aires.
Steve Bannon, estrategista da extrema direita e que insiste em difundir a desinformação que a eleição de 2020 foi "roubada", também é outro que falará no evento, ainda que por meio virtual. O evento ainda conta com a presença de Ben Shapiro, destaque do movimento de extrema direita americano.
O tema deste ano do evento é "defendendo a liberdade, soberania nacional e valores tradicionais no futuro da América Latina". Diplomatas consultados pelo UOL na região consideram que a reunião passou a ser uma espécie de plataforma para que Milei se apresente como um líder regional e uma referência da extrema direita.
Suas ações, nas últimas semanas, indicaram sua tentativa de ganhar esse protagonismo, ainda que parte das iniciativas não passem de construção de uma narrativa ou tenham naufragado. Milei tentou - e depois desistiu - de se opor à declaração final do G20, no Brasil. O argentino também ordenou votos polêmicos na ONU e, para o final da semana, levará propostas que ameaçam enfraquecer o Mercosul.
Na cúpula do G20, no Rio de Janeiro, o aperto de mão frio entre Luiz Inácio Lula da Silva e Milei revelou a dimensão do distanciamento entre os dois governos. Milei foi um dos poucos líderes estrangeiros sem um encontro privado com o presidente brasileiro.
Enquanto isso, porém, Milei continua a negociar com a China, apesar de a extrema direita acusar Pequim de tentar "implantar o comunismo no mundo".
O evento ainda conta com o líder da extrema direita da Espanha, Santiago Abascal, herdeiro do movimento franquista. O programa ainda destaca a presença de Eduardo Velástegui, líder da ultra direita mexicana, assim como nomes de destaque do movimento ultraconservador do Peru, Uruguai, Chile e Bolívia.
Caberá ainda ao ministro de Economia, Luis Caputo, falar sobre "o fim do socialismo".
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