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Sem testemunhas-chave, Conselho de Ética vê chance de "pizza" para Jaqueline Roriz

Maurício Savarese

Do UOL Notícias<br>Em Brasília

11/05/2011 16h45

Após uma silenciosa e pouco produtiva sessão para apurar as suspeitas de recebimento de propina pela deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), membros do Conselho de Ética da Câmara viram aumentarem as chances de a filha do ex-governador Joaquim Roriz não sofrer nenhuma punição apesar do vídeo em que ela aparece com dinheiro em espécie entregue pelo ex-secretário Durval Barbosa. O ex-aliado denunciou o chamado mensalão do DEM, que envolveu a família da parlamentar e membros do governo de José Roberto Arruda.

Sem poder convocar Barbosa nem Manoel Neto, marido de Jaqueline, o Conselho realizou uma sessão nesta quarta-feira (11) para ouvir duas testemunhas de defesa - Williams Cavalcante de Oliveira e Leonardo de Moura Soares, ambos funcionários do escritório político da deputada. Tão pouco os dois agregaram em seus depoimentos que a terceira convidada a depor, Keila Alves Franco, foi dispensada. O relator do caso, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sequer quis ouvir os depoentes. "Eles não têm nada a agregar", disse.

Jaqueline afirma que o dinheiro dado por Durval serviu para pagar o condomínio do escritório político dela, que fora cedido pelo marido. As duas testemunhas de defesa ouvidas nesta tarde trabalham no local afirmaram que ele nunca esteve fechado, apesar de informações divulgadas na mídia apontarem o contrário. A previsão é de que um relatório seja entregue até o dia 25 de maio, mas o prazo pode ser estendido.

Essa possibilidade não serviu para animar o deputado Francisco Francischini (PSDB-PR), ex-delegado da Polícia Federal. "As principais testemunhas não são obrigadas a comparecer. Só podemos ganhar fôlego se aparecer um fato novo. A tendência é acabar em pizza", afirmou. "Estamos dando à sociedade um recado ruim de que não vamos conseguir algo sério. Talvez seja melhor investirmos em uma forma de fazer do Conselho uma espécie de corregedoria. Assim não vai dar."

O presidente do órgão, José Carlos Araújo (PDT-BA), também espera um fato novo que ajude nas investigações. Durante a sessão de hoje, ele ouviu pedidos insistentes de três deputados da tropa de choque de Jaqueline para encerrar o assunto no âmbito do Conselho de Ética. Os aliados da parlamentar são do PMDB: Wladimir Costa (PA), Mauro Lopes (MG) e Édio Lopes (PR). "As testemunhas de hoje podiam acrescentar ou não, era um pedido da defesa", disse o pedetista. "Não temos mais nenhum depoimento previsto. A não ser que algo mude."