Cozinheira de Brasília sente saudades de Lula e lamenta que Dilma esteja de regime
Quando Luiz Inácio Lula da Silva era só um peão, na década de 1970, almoçava em 15 minutos para jogar futebol por meia hora antes de voltar ao batente. Só abria mão do bate-bola se o prato do dia, regado a doses de cachaça, fosse buchada de bode. Foi essa queda pela iguaria nordestina que aproximou, décadas depois, o operário-presidente da cozinheira baiana Maria de Jesus Oliveira da Costa, conhecida como Tia Zélia, 58, dona de um restaurante em Brasília. Hoje, saudosa do amigo que vive em São Bernardo do Campo, ela espera furar o regime da sucessora, Dilma Rousseff.
O restaurante existe desde 1997, quando a cozinheira que veio a Brasília há mais de 30 anos em um pau-de-arara armou uma estrutura precária para atender operários de uma obra na Vila Planalto, bairro pobre e em nada projetado por Oscar Niemeyer, na região do palácio presidencial. Em 2006, um assessor do então presidente provou a buchada e resolveu recomendar ao chefe. “Ele se lembrou da história do Lula na fábrica, me pediu uma quentinha caprichada. Aí ele virou cliente fiel”, disse Tia Zélia ao UOL Notícias.
Durante seu último mandato, Lula foi duas vezes ao restaurante. “Foi sempre de noite. Ligavam e pediam para fechar só para ele e o povo do Palácio. Foi sempre muito divertido, e nesses meses que ele está longe já deu para ter saudades. Avisaram que quando ele passar por Brasília vai almoçar aqui, porque quando o José Alencar morreu, tadinho, não tinha clima nenhum para aproveitar. E comida aqui é para aproveitar, ficar mais um tempo de conversa fiada, sem pressa”, contou a cozinheira, cujo restaurante é cercado de fotos do petista.
Tia Zélia já foi ao Palácio do Planalto para tirar fotos com o cliente e participou de festas no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Desde a saída de Lula, não retornou. “Tudo tem o seu tempo, meu filho. Quem veio no pau-de-arara nem acredita só de ter ficado tão perto de um presidente”, disse. Desde que firmou a amizade, o governo do Distrito Federal nunca mais a incomodou por conta de uma tenda que instalou logo ao lado para atender à crescente clientela. “Eu não pedi nada ao presidente, mas avisei”, disse.
Drible na dieta
Dilma ainda não veio almoçar nem pediu quentinhas ao restaurante que de terça a quinta-feira lota com funcionários públicos e até ex-ministros, como Luiz Dulci. Mas a cozinheira espera driblar a dieta que a presidente segue desde o ano passado, durante sua campanha. Entre os pratos do restaurante, além da buchada, estão feijoada, carne de leitão, pernil, feijão tropeiro e baião-de-dois. “A gente ainda não pegou amizade, mas com o Lula também demorou quatro anos. Uma hora ela escapa um pouco da dieta e vem provar”, brincou.
“Mas vai que ela pede para alguém comprar e levar sem ninguém saber? Mulher é preocupada com peso e agora que ela é presidente está todo mundo prestando atenção”, disse. Dilma pode aparecer quando quiser, incluindo no já tradicional “almoço 0800”, que Tia Zélia concede anualmente a cerca de 300 clientes fiéis. Em 2010, ela serviu um carneiro presenteado por Luiz Marinho, ex-ministro e prefeito da cidade onde Lula vive. “Quem quiser evitar a gordura é só cortar o pudim de leite da sobremesa que já resolve”, diverte-se.
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