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Ministro da Agricultura diz ter apoio de Dilma para "faxina" na Conab

Camila Campanerut<br> Do UOL Notícias

Em Brasília

10/08/2011 14h36

Diante das denúncias envolvendo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, declarou nesta quarta-feira (10) em audiência no Senado Federal que haverá mudanças na diretoria da empresa pública ligada à pasta. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff apoiou a faxina no órgão.

“Ela me disse sim, que, em função do que eu tinha relatado, ela queria que eu tomasse atitudes muito fortes, e que fossem feitas independentemente de qualquer tipo de limitação política. Claro que respeitando as forças políticas e focando na competência pessoal”, declarou  Rossi.

A determinação da presidente de colocar a responsabilidade da “faxina” nas mãos do ministro aponta a confiança dela no peemedebista. Atualmente, Conab é composta por indicados do PMDB, PT e PTB.

A expectativa é de que as ordens presidenciais resultem, inclusive, em troca de apadrinhados políticos por quadros técnicos.

Depoimento

Antes de anunciar as mudanças na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento)  – foco das denúncias do Ministério, Rossi reconheceu na audiência que o órgão tinha problemas na área jurídica.

Encarregada de gerir as políticas agrícolas e de abastecimento, a Conab é responsável por cerca de 9.000 ações, segundo as contas do ministro. Com as mudanças, a estatal poderá contratar menos escritórios de direito terceirizados e ter ao se dispor procuradores para cuidar das ações. “Não fui procurador, fui presidente. Nenhum presidente acompanha a par e passo as 9.000 ações de sua empresa”, justificou o ministro sobre o período de três anos que foi presidente da Conab.

A empresa ganhou destaque nacional nos últimos dias depois da demissão do diretor financeiro, Oscar Jucá Neto, que chamou a pasta de “central de negócios” e denunciou duas irregularidades do ministério. Jucá Neto, por sua vez, foi exonerado do cargo por autorizar um pagamento irregular de cerca de R$ 8 milhões à empresa de um laranja. Ele é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), que o indicou ao posto.

“No dia de hoje, por ordem da presidente Dilma, estamos dando um passo muito importante para dar eliminação a este tipo de erro [jurídico] na Conab, nomeando procuradores da AGU [Advocacia-Geral da União] e dando autorização para abrirmos um novo certame para a contratação de advogados”, disse o ministro. 

A Conab é composta por indicados do PMDB, PT e PTB. A expectativa é de que as ordens presidenciais resultem, inclusive, em troca de apadrinhados políticos por quadros técnicos.

Em resumo, Rossi se comprometeu novamente a levar as investigações dos casos até o fim e classificou as acusações de “denuncismo vazio”. “Em todos os casos: Spam, Gráfica Brasil, terreno do Lago Norte, Caramuru, todos eu quis trazer a documentação factual. E, no caso da PUC, eu trouxe os documentos. E pedi investigações severas”, afirmou. "As denúncias não tinham nenhuma base. É denuncismo. É preciso que não se inverta o ônus da prova. Não há nenhuma validade nas acusações feitas em nenhum dos casos", completou.

Transferência de culpa

Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), a participação do ministro na audiência não trouxe novidades à crise na pasta.  “Há apenas o reconhecimento de que irregularidades existem, mas não se assumem as responsabilidades. Há transferência de responsabilidade. Por isso, temos que apostar no Ministério Público, que é acima de qualquer suspeita, para cuidar do caso”, ponderou o parlamentar.

Os tucanos pretendem entrar com uma ação no MP ainda hoje para analisar o conjunto de denúncias da pasta. Dias também protocolou na comissão de Agricultura três requerimentos de convite ao ex-diretor da Conab, Oscar Jucá Neto; o lobista Júlio Fróes, e ex-secretário executivo do ministério, Milton Ortalan – todos citados em diferentes denúncias.