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Demissão de Rossi aumentará tensão de aliados com governo, dizem analistas

Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

17/08/2011 20h45

A saída do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, deve piorar o clima dos aliados com o Palácio do Planalto. É essa a avaliação de especialistas ouvidos pelo UOL Notícias. Rossi, do PMDB, foi indicado pelo vice-presidente, Michel Temer.

Para David Fleischer, professor de ciência política da UnB (Universidade de Brasília), os peemedebistas estavam no caminho da tranquilidade por causa da liberação de emendas parlamentares pelo governo quando Rossi deixou o ministério. “O PMDB e os outros partidos aliados vão ficar com as barbas de molho porque várias pastas têm um modus operandi semelhante ao que usava o ministro da Agricultura para exercer sua função."

A Polícia Federal tinha informado nesta quarta-feira que estava investigando as denúncias de irregularidades na pasta, publicadas pela imprensa. A mais recente delas, do jornal “Correio Braziliense”, acusou Rossi de viajar em jatos de uma empresa que tem contratos com o governo. O Código de Ética Pública veda essa possibilidade. O agora ex-ministro admitiu a prática “por umas três, quatro vezes”.

Para Luciano Dias, cientista político do Ibep (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos), “a presidente resolveu embarcar nesse processo de faxina, mas isso não é garantia de sucesso nem de boa articulação no futuro”. “Ela consegue evitar que o escândalo chegue no Temer. Mas o que fará quando chegar denúncia contra alguém que ela não possa demitir? Ou um quadro do PT que fez campanhas milionárias?”, questionou.

“O clima entre governo e a base aliada fica ruim pelo aumento da desconfiança. Já vinha nesse processo. O problema não é cair o Rossi. É o futuro, o que vai acontecer na semana que vem”, afirmou.

Bola da vez

Além do uso irregular do jato da empresa Ouro Fino, que também contribuiu com campanhas eleitorais de Baleia Rossi, filho do ministro, a revista “Veja” denunciou a ação livre de um lobista de empresas agropecuárias junto ao peemedebista, gerando suspeitas sobre processos licitatórios da pasta. Isso causou a saída de seu número dois, o secretário-executivo Milton Ortolan.

Rossi também foi envolvido nas denúncias na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Uma empresa teria conseguido uma suspeita restituição de quase R$ 100 milhões por conta de um imposto ligado à compra de leite em pó.

Fleischer e Dias acreditam que os ministros do Turismo, Pedro Novais (PMDB), e das Cidades, Mario Negromonte (PP), estão no alvo do governo por suas gestões nas pastas.