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Estádio Barbalhão é cenário de clássico entre Tapajós e Carajás

Rodrigo Bertolotto

Do UOL Notícias, em Santarém (PA)

07/12/2011 06h03

Tem torcedor paraense vibrando mais com o plebiscito de domingo para decidir a divisão do Pará do que com os jogos do Campeonato Paraense 2012, que, por incrível que pareça, começou ainda em 2011.

Isso porque times como o Independente de Tucuruí e o Águia de Marabá, além de São Raimundo e São Francisco, ambos de Santarém, virariam habitués da Copa do Brasil em caso de independência das regiões de Carajás e Tapajós.

“Ia ser bom para o nosso futebol. Teríamos mais chance na Copa do Brasil e seríamos mais conhecidos no país todo”, afirma o zagueiro Aldair, do São Francisco, antes do jogo contra o Parauapebas, um confronto típico entre tapajoaras e carajaenses.

O UOL Notícias acompanhou o clássico regional e conferiu como estava o clima de plebiscito entre os times e as torcidas. Na arquibancada, uma faixa solitária apoiava o “77”, número que tem de ser digitado para aprovar a emancipação dessas regiões do Pará.

O cenário do embate é o Barbalhão, nome popular do estádio Jader Barbalho, em Santarém. A denominação foi proibida pela Justiça, afinal, é uma reverência a um conhecido e vivíssimo político local – o estádio depois foi rebatizado de “Colosso de Tapajós”. Mesmo assim, a maioria das pessoas conhece o estádio como Barbalhão (o senador do PMDB eleito e não empossado por conta da Lei da Ficha Limpa tem a região como reduto eleitoral, com um sem emancipação).

Já em campo, o apoio era mais explícito. Os radialistas à beira do gramado não se cansavam de anunciar o apoio à divisão durante a transmissão da partida. “Todo mundo aqui é sim, sim, sim”, gritava o repórter da rádio Rural de Santarém.

Os jogadores, por sua vez, dividiam-se entre os entusiastas e os diplomáticos. “O que o povo decidir é o certo, mas eu sou a favor da separação do Tapajós”, opinou o atarracado e veloz atacante Ricardinho, do São Francisco.

Os atletas do Parauapebas formavam um microcosmos populacional da região de Carajás: muitos forasteiros. O lateral-direito Magno resume a situação: “A gente prefere não falar muito, afinal, tem muita gente de Goiás, Minas Gerais, Amapá, Maranhão aqui. Melhor não dar a nossa opinião.” Esse time é vizinho à mina de ferro da Vale, e muitos empregados da empresa torcem pelos “pebas”, como são conhecidos os jogadores do Parauapebas.

Com os tradicionais times belenenses Paysandu e Remo em baixa, as agremiações do interior do Pará têm se destacado no Parazão, como é apelidado o campeonato estadual.

O atual campeão é o Independente de Tucuruí, primeiro time que não é da capital  Belém a conquistar o título paraense. Nos anos anteriores, os clubes interioranos tinham batido na trave na disputa pelo troféu. Em 2008 e 2010, o Águia de Marabá foi vice. Em 2009, foi a vez do São Raimundo de Santarém.

Esses feitos renderam vaga na ambicionada Copa do Brasil, torneio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) que reúne times de todas as unidades federativas.

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O Águia de Marabá eliminou o América-MG na edição de 2009 e chegou a vencer em casa o Fluminense, mas caiu por 3 a 0 na partida de volta no Rio de Janeiro e deu adeus à competição nacional.

Já o São Raimundo guarda como principal trunfo em sua história uma vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo-RJ na primeira fase da Copa do Brasil de 2010. No segundo jogo, no estádio Engenhão, o atacante uruguaio Loco Abreu marcou dois gols, e a equipe carioca seguiu na competição.

O São Raimundo é conhecido como o Pantera Negra, enquanto seu rival local, o São Francisco, é o Leão Azul.