Mercadante dá conselho a sucessor e diz que Dilma tem tradição de "espancar" projetos
O ex-ministro de Ciência e Tecnologia e agora ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse na tarde desta terça-feira (24), durante cerimônia de posse no Palácio do Planalto, que o novo ministro da pasta, Marco Antônio Raupp, deve estar preparado para expor seus projetos a um "espancamento" quando for apresentá-los à presidente Dilma Rousseff. Raupp também está sendo empossado hoje.
Mercadante brincou ao afirmar que Dilma tem a tradição de questionar qualquer tipo de projeto apresentado pelos ministérios e que, por isso, Raupp deveria sempre fundamentar muito bem suas propostas. Segundo Mercadante, isso é uma qualidade de quem "quer eficiência com o gasto público".
"Você vai ouvir a seguinte expressão: 'Ele não fica de pé'", afirmou Mercadante. "[Depois] Você vai poder ouvir a seguinte expressão: 'Está de pé, mas você não vai conseguir entregar'", listou o ministro. "Volte e se dedique."
Raupp também elogiou Dilma em seu discurso. "[Dilma] vai fundo em todos os problemas e faz comentários sem papas na língua. Eu já era seu fã e agora sou mais ainda", afirmou.
Mercadante dá dicas para novo ministro; assista
Na sua vez de falar, a presidente Dilma recebeu com humor a fala de Mercadante e citou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) --alvo de uma série de problemas nas últimas edições-- ao comentar como deve se tratar um projeto. “Nenhum projeto é trivial, por isso eu defendi o Enem ontem. (...) Projeto é como criança: se você não acompanhar, ele não melhora, tem que mudar o que está errado. Ele não nasce perfeito, precisa da tentativa e erro”, disse Dilma. “Os desvios temos a humildade de esclarecer e corrigir. E o Fernando [Haddad] é capaz de fazer isso.”
Posse
Na primeira mudança ministerial de 2012, Mercadante deixa a pasta de Ciência e Tecnologia para substituir Fernando Haddad --que deve concorrer à Prefeitura de São Paulo pelo PT-- e será substituído por Marco Antônio Raupp, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira.
Além da presidente Dilma Rousseff, participa da cerimônia de transmissão de cargo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é o principal articulador da candidatura de Haddad nas eleições desse ano. Mesmo em tratamento contra um câncer na laringe, Lula optou por deixar São Paulo e ir até Brasília para acompanhar a despedida de Haddad --neste que é seu primeiro evento político desde o diagnóstico da doença, em outubro do ano passado. Lula, que entrou ao lado de Dilma e dos ministros, foi muito aplaudido pelos presentes.
Perfil dos ministros
Natural de Cachoeira do Sul (RS), Marco Antônio Raupp, 73, tornou-se presidente da Agência Espacial Brasileira em março de 2011. Raupp não é filiado a partido político.
Formado em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), tem PhD em matemática pela Universidade de Chicago e livre-docência pela USP. Já presidiu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Por sua atuação como cientista já recebeu a Ordem do Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores, e a Grão-Cruz, do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Marco Antônio Raupp, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira, assume a vaga de Aloizio Mercadante no Ministério da Ciência e Tecnologia
Quando começaram as especulações sobre a saída de Mercadante do Ministério da Ciência e Tecnologia, Raupp foi cogitado como uma opção técnica para assumir a pasta. Outros nomes chegaram a ser mencionados entre os possíveis novos ministros, como a senadora Marta Suplicy (PT-SP), ex-prefeita de São Paulo, e o deputado federal Newton Lima (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos.
Aloizio Mercadante Oliva, filiado ao PT, ocupa o cargo de ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação desde o início do governo de Dilma Rousseff, em 1º de janeiro de 2011. Assumiu a pasta após perder, pela segunda vez, uma eleição para o governo de São Paulo.
Mercadante foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Lula em 1994. Teve dois mandatos de deputado federal pelo PT de São Paulo, de 1991 a 1995 e de 1999 a 2003. Em 2003 assumiu uma vaga de senador, para a qual foi eleito na votação de 2002.
No Senado, Mercadante foi líder do governo Lula e do PT. Passou por constrangimento durante o auge do escândalo dos atos secretos na Casa. Ele havia dito que renunciaria à liderança do PT por discordar do apoio que o partido deu à época ao então presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), acusado de irregularidades. A pedido de Lula, manteve-se no cargo.
Mercadante é professor licenciado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e na Universidade de Campinas (Unicamp).
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