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Brasília tem mais um aniversário marcado por suspeitas de corrupção

Vista do Congresso Nacional, em Brasília - Divulgação
Vista do Congresso Nacional, em Brasília Imagem: Divulgação

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

21/04/2012 06h00

Há dois anos, a população de Brasília viveu um anticlímax ao ver a aguardada festa do cinquentenário ser ofuscada pelo escândalo do mensalão do DEM. Este ano, a comemoração dos 52 anos da capital federal volta a ocorrer em meio a denúncias de corrupção envolvendo a administração distrital.

O governador Agnelo Queiroz (PT) viu-se envolvido nas investigações de negócios supostamente irregulares do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro durante a Operação Monte Carlo da Polícia Federal que investigou um esquema de exploração de jogo ilegal. 

Reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” afirmou que gravações realizadas durante a operação da PF indicaram que o governador teria tentado negociar com Cachoeira. O pano de fundo para a conversa seriam pagamentos do governo do DF a empresas do esquema comandado pelo empresário. Agnelo nega qualquer ligação com Cachoeira.

Integrantes do governo distrital também foram atingidos por denúncias relacionadas à Operação Monte Carlo. O chefe de gabinete Cláudio Monteiro deixou o cargo depois da divulgação de uma gravação em que é citado um suposto pagamento de propina relacionado a contratos do governo do DF.

Os secretários de Saúde, Rafael Barbosa, e de Governo, Paulo Tadeu, encontraram-se no ano passado com o ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste – que seria ligado a Cachoeira. Barbosa e Tadeu negam qualquer envolvimento com Cachoeira e definem o encontro como reunião de trabalho.

Na Câmara Legislativa, o governador ainda pode enfrentar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) destinada a investigar grampos ilegais supostamente realizados por seu governo. O chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão é apontado como responsável por acessar dados sigilosos de adversários.

Greves

Não bastassem as denúncias no campo político, a população que vive em Brasília ainda se depara com problemas na prestação de vários serviços. Os professores da rede pública estão em greve há mais de um mês, reivindicando aumento salarial, convocação de docentes aprovados em concurso, implantação do plano de saúde para os servidores e reestruturação do plano de carreira.

Os metroviários decidiram suspender a greve e voltar ao trabalho ontem, depois de um dia de paralisação em que somente um terço da frota circulou. As principais demandas da categoria são aumento real de 25%, realização de concurso público para contratação de novos funcionários e aumento no número de trens da companhia. 

Os policiais militares trabalharam durante quase dois meses em um esquema de “operação tartaruga”. A redução das atividades e do efetivo nas ruas teve como objetivo pressionar o governo por aumento salarial.

Shows e inaugurações

Mesmo com os problemas, Brasília terá mais uma vez uma festa na Esplanada dos ministérios, com orçamento inicialmente estimado em R$ 7,2 milhões. As principais atrações musicais serão os cantores Caetano Veloso e Seu Jorge e a banda Capital Inicial.

A Torre de TV Digital será inaugurada inacabada, ainda sem as lojas, cafés e restaurantes previstos no projeto original de Oscar Niemeyer. O mirante tem capacidade para 74 pessoas, mas as visitações estão previstas para serem liberadas apenas a partir deste domingo (22).

A primeira residência de Juscelino Kubitschek em Brasília, o Catetinho, também tem reabertura prevista para hoje após a terceira restauração desde a sua fundação. A reforma teve início em julho de 2011 e custou cerca R$ 722 mil.

Em tempo: assim como em outras capitais do país, a Marcha Nacional contra a Corrupção também está marcada para ocorrer em Brasília, na Esplanada dos Ministérios. Em 2010, o aniversário da capital também teve protesto contra corrupção.