Dilma cita Vargas e compara novo ministro a João Goulart
Os discursos realizados na posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, 33, na manhã desta quinta-feira (3), em Brasília, foram marcados pela comparação do político ao seu tio-avô, o ex-presidente da República e ex-ministro do Trabalho no governo Vargas, João Goulart (1919-1976), ao seu avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola (1922-2004), e pelas evocações ao “trabalhismo” e à participação do Estado na economia.
Além das menções do ministro, a própria presidente Dilma Rousseff destacou o sobrenome do escolhido para a vaga deixada em dezembro do ano passado pelo atual presidente do PDT, Carlos Lupi, envolvido em investigações de corrupção. O ministério era ocupado interinamente por Paulo Roberto Santos Pinto, ex-assessor especial e ex-secretário executivo de Lupi. Em um rápido discurso de despedida, Santos Pinto se dirigiu a Lupi --cujos feitos, disse, “a história vai contar”.
Aos 33 anos, Brizola Neto diz ser novo para o cargo
Já a presidente definiu ser “muito significativo” o ministério ser ocupado por um nome “que representa mais de meio século de lutas sociais, de defesa do interesse nacional e de conquistas pelos direitos dos trabalhadores”. Além de ministros e deputados, presidentes de centrais sindicais também acompanharam a cerimônia de posse.
“Não bastasse levar o sobrenome, o novo ministro carrega a história de seu tio-avô, João Goulart, que, em 1953, aos 34 anos, foi empossado ministro do trabalho do governo democrático de Vargas”, disse. “Assim, nomear como ministro Brizola Neto reforça em meu governo o reconhecimento da importância histórica do trabalhismo na formação do nosso país”, completou Dilma.
Já o novo ministro, que também fez referência a Vargas --em cujo primeiro governo, na década de 1930, o Ministério do Trabalho foi criado--, a Brizola e a Goulart, criticou o “receituário neoliberal” que "está lançando os jovens à fogueira" e defendeu a participação do Estado em funções reguladoras da economia.
“Isso não quer dizer que as relações de trabalho não devem ser modernizadas”, defendeu o novo ministro. “Mas somos necessitados de que a presença do Estado em funções reguladoras se agilize, se simplifique e avance pela valorização do trabalhador. Essa visão não põe óbice à liberdade empresarial, mas queremos um desenvolvimento sustentável em que as empresas, mais modernas e eficientes, entendam o trabalhador como parte de seu capital”, justificou Brizola Neto.
Dilma, por sua vez, enalteceu os 2,440 milhões de empregos formais criados nos primeiros 15 meses de seu governo e classificou o feito e a queda da taxa de desemprego como "contraste gritante" à crise das economia dos EUA e de países europeus.
Porém, a presidente elencou “três grandes problemas a solucionar”, entre os quais a queda das taxas de juros –as quais, defendeu, precisam ser “compatíveis às praticadas no mercado internacional”--, a estabilidade do câmbio e “impostos mais baixos para assegurar a produtividade”.
Definição do nome
O nome de Brizola Neto foi anunciado pelo Palácio do Planalto na última segunda-feira (30). A decisão foi tomada depois de uma reunião da presidente Dilma Rousseff com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Aos 33 anos, Carlos Daudt Brizola, nome de batismo de Brizola Neto, é o mais jovem ministro do atual governo. Neto do ex-governador Leonel Brizola (que morreu em 2004), ele nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e estava em seu segundo mandato como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Mesmo sem vencer as últimas eleições parlamentares em 2010, Brizola Neto voltou à Câmara dos Deputados como suplente do deputado Sergio Zveiter (PSD).
Em 2009, Brizola Neto foi líder do PDT na Câmara. Em sua trajetória política, exerceu ainda o cargo de vereador pelo município do Rio, em 2004. Em seu blog, ele informa que começou a vida política aos 16 anos, ao lado do avô.
Ao participar da comemoração do Dia do Trabalho organizada por centrais sindicais na capital paulista, o novo ministro disse que as notícias de geração de mais empregos no Brasil vieram no momento em que há um ambiente econômico favorável, de aumento da renda do trabalhador, e que esse é o ambiente ideal para o avanço das lutas do movimento sindical e do conjunto dos trabalhadores. (Com Agência Brasil)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.