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Agnelo Queiroz vai falar na CPI do Cachoeira, afirma advogado

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

01/06/2012 12h28

Diferentemente dos últimos depoimentos na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com parlamentares, agentes públicos e empresas, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não vai usar o direito de permanecer em silêncio e irá responder às perguntas da comissão, no próximo dia 13 de junho. A informação é do advogado do governador, Luis Claudio Alcoforado.

“Pela primeira vez, ele [Agnelo Queiroz] terá a oportunidade de se manifestar sobre o caso e de descontruir o que foi dito, como se a empresa Delta tivesse sido beneficiada [no governo do petista]”, disse o advogado ao UOL.

Alcoforado disse ainda que o governador irá mostrar que o contrato com a empresa Delta no Distrito Federal -- responsável pela coleta de lixo em Brasília-- foi feito na gestão anterior à de Agnelo e só foi mantido em cumprimento a uma decisão judicial.

O advogado afirmou que fará um trabalho "concentrado e intensivo" com sua equipe para preparar o governador para comparecer e prestar todos os esclarecimentos necessários aos parlamentares.

"Ele vai na condição de testemunha, e não de suspeito. Ele vai falar", disse Alcoforado reiterando que o governador não usará o direito de permanecer em silêncio como recurso para impedir que possa se auto-incriminar, como o fizeram o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e pessoas ligadas a Cachoeira.

Para fundamentar a defesa de Agnelo, o advogado pediu ontem à CPMI o acesso a todas as informações da comissão, incluindo os inquéritos e depoimentos sigilosos como o dos delegados da Polícia Federal Raul Alexandre Sousa e Matheus Mella Rodrigues, responsáveis pelas duas operações, Vegas e Monte Carlo, que investigaram a rede de negócios ilegais de Cachoeira.

Alcoforado e uma equipe de oito advogados terão 12 dias para analisar os documentos antes do depoimento do governador, e não devem pedir um prazo maior para análise do material.

Gravações de conversas por telefone grampeadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça citam o governador do Distrito Federal em falas de secretários e assessores de seu gabinete com integrantes do grupo de Cachoeira.

Um dia antes de Agnelo falar, o governador tucano Marconi Perillo, de Goiás, também será ouvido pela comissão para depor. Antes da convocação, Perillo já havia ido pessoalmente ao Congresso para se colocar à disposição dos parlamentares para esclarecer as informações da ligação dele com o bicheiro.

A convocação dos dois governadores foi aprovada na CPMI, que dispensou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).  

O delegado Matheus Rodrigues, da Polícia Federal, afirmou que Perillo pode ter vendido uma casa no valor de R$ 1,4 milhão não ao dono de uma faculdade, como o tucano chegou a alegar, mas, sim, a Cachoeira.

De acordo com as investigações da operação Monte Carlo, chefiada por Rodrigues, três cheques, sendo um de R$ 600 mil e outros dois de R$ 400 mil, foram entregues no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano.

Escutas da PF também indicam que Cachoeira tentou se aproximar de membros do governo de Agnelo Queiroz. Já o governador do Rio é amigo de Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, suspeita de participar do esquema do bicheiro.