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Em novo discurso, Demóstenes Torres ataca a polícia por suposta ilegalidade em grampos

Demóstenes Torres faz discurso no Senado pelo segundo dia consecutivo - Valter Campanato/Agência Brasil
Demóstenes Torres faz discurso no Senado pelo segundo dia consecutivo Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

03/07/2012 16h19Atualizada em 03/07/2012 16h54

Pela segunda vez nesta semana, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) subiu à tribuna do plenário da Casa para se defender das acusações de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Hoje, Demóstenes atacou a atuação da Polícia Federal nas operações que investigaram o bicheiro e sua ligação com agentes públicos. O senador afirmou que as interceptações telefônicas foram feitas sem a autorização do STF (Supremo Tribunal Federal), como determina a lei quando há envolvimento de pessoas com foro privilegiado, como é o caso do parlamentar.

O senador afirmou ainda que não foi permitido, no Conselho de Ética do Senado, que as gravações e transcrições feitas pela polícia fossem periciadas novamente. A defesa chegou a entregar um pedido para esta ação, mas ele foi rejeitado.

“Perícia não é uma modalidade de enrolação de defesa. (...) É uma ciência a serviço da Justiça”, disse o senador. “Para me investigar estão utilizando técnicas ilegais de tecnologia de ponta. Para me punir estão sendo usados métodos medievais”, argumentou.

Demóstenes voltou a afirmar que é inocente e que está sendo “usado”. O parlamentar ainda alertou os colegas e disse que eles poderão ser a “próxima vítima” de supostas armações, que seriam realizadas com apoio da polícia.

"Hoje, eu sou a bola da vez. Se a ‘tramoia’ der certo comigo e me imputar o mandato, pode se repetir com um outro senador. É preocupante o precedente de tentar cassar um senador com base em provas ilegais. Para completar, se negam a [fazer] perícias", afirmou.  


“Se ao final se descobrir que o linchado era inocente não terá a menor repercussão, porque outro personagem do Senado estará na fogueira para o sacrifício”, completou.  

O senador chegou a ler trechos do relatório de um perito que contratou para fazer uma análise do material disponível na CPI e informou que havia “robustos indícios de edições” nas falas entre o senador, comparsas e o próprio Carlinhos Cachoeira.  

Com relação ao suposto frete de um avião no valor de R$ 3.000 que Cachoeira teria feito para o parlamentar, Demóstenes disse que “simplesmente fraudaram a transcrição”.

O senador prometeu ontem que se defenderia diariamente no plenário até o dia em que a cassação de seu mandato fosse votada, o que está previsto para a próxima quarta-feira (11). 

Ontem, dos 81 senadores, apenas cinco estavam presentes e ouviram a defesa do parlamentar: Paulo Paim (PT-RS), Ana Amélia (PPS-RS), Aníbal Diniz (PT-AC), Pedro Taques (PDT-MT) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Hoje, apenas sete acompanharam o discurso: Lídice da Mata (PSB-BA), João Capiberibe (PSB-AP), Paulo Davim (PV-RN), Paulo Paim (PT-RS), Pedro Simon (PT-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e Sérgio Petecão (PSD-RJ).

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