Ministros do Supremo trocam farpas no julgamento do mensalão; relembre outros casos
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski protagonizaram um bate-boca no plenário nesta quinta-feira (2), primeiro dia de julgamento do mensalão.
A discussão começou após Lewandowski se dizer a favor do desmembramento da ação, em resposta a uma questão de ordem apresentada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-executivo do Banco Rural José Roberto Salgado.
JOAQUIM BARBOSA X RICARDO LEWANDOWSKI (AGOSTO DE 2012)
"O senhor é revisor, dialogamos por dois anos e meio. Me causa espécie vê-lo se pronunciar pelo desmembramento quando poderia tê-lo feito há 6 ou 8 meses" | "Me causa espécie que vossa excelência queira impedir que eu me manifeste. Eu, como revisor, farei valer o meu direito de manifestar-me sempre que entender que isso seja necessário" | ||
"Isso é deslealdade" | "Acho que é um termo forte que vossa excelência está usando, e já está prenunciando que este julgamento será muito tumultuado” |
Após o final da sessão, Lewandowski informou ao jornal “Folha de S.Paulo”, via assessoria de imprensa, que estava "perplexo e estupefato" com o "lamentável" ocorrido, referindo-se ao fato de Joaquim Barbosa tê-lo criticado enquanto votava favoravelmente a tese de que o processo deveria ser desmembrado.
Questionado pelo jornal, Joaquim Barbosa contestou o colega. "Quem ficou estupefato fui eu. Nas três vezes em que levei essa mesma questão de ordem ao plenário, o ministro Lewandowski se manifestou contrário ao desmembramento. Na condição de revisor do processo e sabendo que eu já havia indeferido o desmembramento como relator, para ele teria que ser um gesto de lealdade me avisar que estava revendo o seu posicionamento. Se tivesse feito isso eu teria levado o problema ao plenário há três meses e não agora, como surpresa, no dia do julgamento, como manobra para tirar o STF do caso."
Não é a primeira vez, porém, que os ministros do Supremo trocam farpas. Em abril deste ano, o ministro Cezar Peluso concedeu uma entrevista ao site "Consultor Jurídico" logo após deixar a presidência do tribunal. Na ocasião, Peluso disse que o ministro Joaquim Barbosa era "inseguro".
Depois, em entrevista ao jornal "O Globo", Barbosa rebateu Peluso e o chamou de "ridículo", "brega", "caipira", "corporativista", "desleal", "tirano" e "pequeno".
CEZAR PELUSO x JOAQUIM BARBOSA (abril de 2012)
“A impressão que tenho é que ele tem medo de ser qualificado como arrogante. Tem receio de ser qualificado como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor” | "Peluso inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais ou simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento” |
Já em abril de 2009, o STF julgava um recurso do governo do Paraná sobre a constitucionalidade de uma lei. A discussão esquentou quando o então presidente do Supremo, Gilmar Mendes, disse que o ministro Joaquim Barbosa não tinha “condições de dar lição de moral em ninguém”.
Os dois já tinham discutido mais cedo, após Barbosa pedir detalhes sobre o processo; Mendes respondeu que Barbosa havia faltado à sessão em que o assunto havia sido discutido, ao que Barbosa respondeu que estava de licença médica.
JOAQUIM BARBOSA x GILMAR MENDES (abril de 2009)
“Vossa excelência está destruindo a Justiça deste país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua, ministro Gilmar, saia à rua. Faça o que eu faço” | “Eu estou na rua, ministro Barbosa” | ||
“Vossa excelência não está na rua não, vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. Vossa excelência, quando se dirige a mim, não está falando com seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeito” | “Ministro Joaquim, vossa excelência me respeite” |
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