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Votação do relatório da CPI do Cachoeira é adiada por "erro de impressão"

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

11/12/2012 11h45Atualizada em 13/12/2012 16h11

Após articulação da oposição, a votação do relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) da CPI do Cachoeira, prevista para ocorrer nesta terça-feira (11), acabou sendo adiada para o próximo dia 18, às 10h. Parlamentares questionaram a manutenção no documento do pedido de indiciamento de jornalistas que deputados e senadores haviam chegado num acordo para retirá-lo. Cunha justificou que se tratava apenas de um erro de impressão. A CPI, instalada há mais de seis meses, investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com empresários e políticos.

No entanto, a oposição argumentou que não poderia votar um relatório com equívocos, mesmo que formais. Para contornar a situação, o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), sugeriu, então, que a sessão de hoje fosse usada para debater os votos em separado, divergentes do relatório oficial, e nova data fosse marcada para a votação, o que ainda não foi feito.

“Observamos que o relatório que nos chega tem algumas coisas incoerentes”, afirmou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). “Tivemos entendimento, pelo bom senso, de que o relatório seria apresentado e não lido, em razão do volume enorme. Acolhemos e tivemos cinco dias prazo pra ler. No entanto, fomos surpreendidos com a impressão de um material novo. Se você vota o que está impresso e não tem conhecimento, o que me assegura que outros erros materiais não existam aqui?”, questionou.

O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) argumentou que, no texto apresentado por Cunha, havia pelo menos 34 trechos em que o nome do jornalista Policarpo Júnior, redator-chefe da revista “Veja”, aparece. Inicialmente, Cunha havia pedido o indiciamento dele por conta dos contatos que ele manteve com Carlinhos Cachoeira.

Após críticas, Cunha se comprometeu a excluir do seu relatório o pedido de indiciamento de Poliarpo Júnior e também o pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusado de ter demorado para apresentar denúncia contra Cachoeira.

A deputada federal Íris de Araújo (PMDB-GO) saiu em defesa do relatório. “A rejeição do relatório é um retrocesso (...), um tiro na imagem do Congresso Nacional”, afirmou.

Sem acordo

Odair Cunha admitiu que ainda não existe acordo político para votar o seu relatório. "Havendo decisão política, o tempo é o menos importante, nós aprovamos o relatório que tiver força política para aprová-lo, a grande questão é que neste momento ainda as forças não estão constituídas", disse.

O relator minimizou o fato de a votação ter sido adiada mais uma vez. "O prazo para colocar em votação vai até o dia 22 de dezembro. Na próxima semana terça-feira, vamos nos reunir e vamos apresentar o meu parecer final sobre as sugestões que os parlamentares me encaminharam."

Ele afirmou que irá levar em conta os cinco votos em separado e as sugestões apresentadas para se manifestar na próxima terça-feira. Segundo Cunha, o relatório dele leva em consideração tudo o que foi discutido na comissão e reiterou que a permanência dos pedidos de indiciamento de jornalista no seu relatório se deveu a um erro “formal”.

Indagado se há o risco de a CPI terminar no mesmo ponto onde começou, sem avançar em relação às investigações do Ministério Público, Cunha afirmou: "A oposição faz a defesa do governador Marconi Perillo, o dado concreto é que não podemos admitir que alguém que se envolveu tão intimamente com o chefe de uma quadrilha saia sem ser citado, ou mencionado, responsabilizado no nosso relatório."