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Fim do 14º e 15º salários de parlamentares é "pequeno passo", mas redime "falha imperdoável do sistema", diz filósofo

Congresso Nacional ficou vazio após o feriado de Carnaval; a votação do fim dos salários foi a primeira do ano na Câmara, desconsiderando votação de medidas provisórias - Sergio Lima/Folhapress
Congresso Nacional ficou vazio após o feriado de Carnaval; a votação do fim dos salários foi a primeira do ano na Câmara, desconsiderando votação de medidas provisórias Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Camila Neuman

Do UOL, em São Paulo

27/02/2013 19h13

O filósofo Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), avalia como "um pequeno passo para redimir uma falha imperdoável no sistema parlamentar brasileiro" a aprovação da extinção do 14º e 15º salários dos parlamentares pela Câmara nesta quarta-feira (27) em Brasília.

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“O que nossos políticos fazem, sobretudo no Brasil? Usam recursos públicos como se fossem deles. Então ao abrirem mão dessa parcela do dinheiro púbico que não lhes pertence, dão um pequeno passo no sentido de redimir uma falha imperdoável do sistema parlamentar brasileiro”, disse Romano.

Atualmente, os parlamentares (deputados e senadores) recebem 15 salários, cada um de R$ 26,7 mil, por ano. Os dois pagamentos a mais são feitos em fevereiro e em dezembro de cada ano, a título de ajuda de custo. O depósito de fevereiro de 2013 já foi feito.

Segundo o filósofo, os salários extra significavam gestos de "tirania" dos parlamentares por usarem "indevidamente o dinheiro público que não lhes pertence".

“Eu acho que se esses pagamentos forem suspensos é um pouco mais de respeito que os parlamentares mostram diante do dinheiro do povo. Mostram que [a suspensão] atenua um pouco a tirania que os move. A definição mais importante de tirania vem de Platão e Aristóteles e foi assumida no começo da Modernidade. Nessa formulação diz que o tirano é aquele que usa os bens dos governados como se fossem seus”, afirma.
 

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