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Presidente da Câmara de Blumenau (SC) defende CPI para apurar Máfia do Asfalto

Presidente da Câmara de Blumenau (150 km de Florianópolis), Vanderlei Paulo de Oliveira (PT) - Renan Antunes de Oliveira/UOL
Presidente da Câmara de Blumenau (150 km de Florianópolis), Vanderlei Paulo de Oliveira (PT) Imagem: Renan Antunes de Oliveira/UOL

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Blumenau

10/05/2013 17h22

O presidente da Câmara de Blumenau (150 km de Florianópolis), Vanderlei Paulo de Oliveira (PT), 52, disse nesta sexta (10) que a CPI da Operação Tapete Negro, que apura a Máfia do Asfalto em Santa Catarina, é "necessária" e que ele espera apenas mais uma assinatura para determinar sua abertura. "Agora que o Ministério Público Estadual [MPE] está  adiantado, todo mundo pensa que foi fácil, mas na verdade esse trabalho começou lá em 2007, quando denunciamos a Operação Asfalto, hoje esquecida pela maioria." 

O MPE  investiga um megaesquema de corrupção com o objetivo de desviar dinheiro público, instalado na administração de Blumenau. O grupo já teria desviado pelo menos R$ 100 milhões dos cofres públicos, valor equivalente a 7% do orçamento de 2012 da cidade.

De acordo com o chefe do Legislativo de Blumenau, uma CPI "irá mais fundo e levantará outras irregularidades cometidas por esse grupo que já foi denunciado". "Falta ir um pouco mais alto, nomes que certamente aparecerão. Tenho certeza que a CPI vai sair, é só uma questão de dias."  

Entenda o esquema


O vereador tem cinco mandatos e por oito anos fez oposição ao então prefeito João Paulo Kleinubing (PSD), hoje presidente do Badesc (agência de fomento de Santa Catarina) --alvo da investigação do MPE. Agora também é oposição ao prefeito Napoleão Bernardes (PSDB). 

Oliveira afirma que "muito antes das revelações da Tapete  Negro esse grupo já estava em ação".

"Em 2007, fui à tribuna da Câmara e pedi ao MPE para investigar um programa eleitoreiro do governo do Estado, o Asfalta Blumenau. Eram R$ 20 milhões do Estado, com R$ 5 milhões como contrapartida da Prefeitura de Blumenau", afirmou.

De acordo com o vereador, na ocasião também havia a promessa do chamado dique da Fortaleza. "Até hoje solicito informações e nunca obtive resposta. Foi um estelionato eleitoral, obras prometidas, inacabadas e mais caras do que os valores orçados."

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Entre as obras inacabadas ele fala o dique, orçado em R$ 2,3 milhões. "Sua falta [do dique] foi uma das causas da enchente de novembro de 2008, um prejuízo extra à população."

Oliveira não quer a "paternidade das críticas", mas exibe documentos catalogados pela assessoria legislativa indicando três pedidos dele à Câmara para abertura de CPI. "Se ao menos uma delas tivesse sido aberta, nunca teríamos tido tanta impunidade como agora."

Uma assinatura

O presidente do Legislativo disse que agora a composição da Câmara impede a CPI por apenas uma assinatura. A Casa tem 15 membros, cinco devem assinar o pedido. Três já o fizerem, sendo dois do PT e um do PP. "Minha assinatura é a quinta, se aparecer um quarto vereador" --ele diz que opta por ser o último para demonstrar sua isenção, já que terá de assinar todos os procedimentos da CPI.

Oliveira mantém um quadro com todos os 10 vereadores restantes e suas tendências: "Cinco pertencem ao campo de Kleinubing, sendo três deles diretamente envolvidos com a Operação Tapete Negro. Nenhum deles vai assinar nada, seria como dar um tiro no pé."

Os outros cinco estão no campo aliado do atual prefeito Napoleão Bernardes --que é contra a criação de uma CPI. Oliveira diz que foi colega de Bernardes no plenário na legislatura passada e espera que "com o tempo ele defina melhor seu governo, antes de entrar nessa".

Ele disse acreditar que os vereadores aliados do prefeito "não querem atirar  em Kleinubing porque até a última eleição eles estavam no mesmo campo". O vereador Ivan Naatz, do PDT, que em dezembro tinha se manifestado a favor da CPI, mudou de posição depois de ser convidado para líder do governo na Câmara.

Oliveira disse que "o que todo blumenauense sabe é que as últimas eleições estão definitivamente manchadas pelo uso de dinheiro público, via empreiteiras e outras irregularidades descobertas pelo MPE".

"Foi a eleição mais suja, mais cara, mais corrupta e com o maior número de compra de votos, o que agora está aparecendo. Nós que fazíamos as denúncias estávamos com razãoo MPE provaram isso", afirmou.