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É irresponsável concluir que foi queima de arquivo sem investigar, diz ministra sobre morte de Malhães

Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/ Arte UOL
Ideli Salvatti, ministra-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/ Arte UOL

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

25/04/2014 17h02

A ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos) disse nesta sexta-feira (25) que seria "irresponsável" concluir que o assassinato do coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi queima de arquivo sem a investigação sobre a morte. Ela cobrou seriedade dos órgãos de segurança nas apurações do caso.

Malhães prestou depoimento em março à Comissão Nacional da Verdade e afirmou ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar. Disse também que foi o encarregado pelo Exército de desenterrar e sumir com o corpo do deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971.

“Seria uma irresponsabilidade prestar declaração que associe o assassinato ao depoimento antes que qualquer tipo de investigação indique isto. Não podemos fazer acusações”, defendeu a ministra.

Para a ministra, o assassinato “traz um elemento especial” e deve ter acompanhamento cuidadoso e sério. “É uma morte que vem depois de um depoimento de grande repercussão e de grande importância”, diz.

Segundo Ideli, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e ela entraram em contato com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, para recomendar que a Polícia Federal acompanhe as investigações do caso que está sendo apurado pela Polícia Civil carioca. O coordenador da  Comissão Nacional da Verdade solicito diretamente ao ministro da Justiça que a PF contribuísse na investigação.

Ainda segundo Ideli, o secretário de Segurança Pública concordou com a participação da PF nas investigações. Procurada pelo UOL, a PF ainda não informou de que forma atuará no caso.

Questionada sobre a possibilidade de que as investigações confirmem que o assassinato tem relação com o depoimento, a ministra afirma que o fato não atrapalharia os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade.

“Não temo pelos trabalhos da comissão. Eles têm se desenrolando com muita firmesa e seriedade. Se existir qualquer vínculo a investigação também levará a busca de responsáveis. Aí sim vai estar dento do objeto de investigação da comissão”, comentou a ministra.

O coronel reformado foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) no sítio em que morava em Nova Iguaçu (na Baixada Fluminense). O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil.

De acordo com o relato da viúva Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite desta quinta-feira, 24, à procura de armas. O coronel seria colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da Divisão de Homicídios da Baixada que estiveram na propriedade.