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Após laudo inconclusivo, família de Jango diz que vai continuar "lutando"

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

01/12/2014 13h39

A família do ex-presidente João Goulart disse que vai continuar a "lutar" pelo esclarecimento das circunstâncias em que ocorreram a sua morte. O filho do ex-presidente, João Vicente Goulart, afirmou que vai encaminhar o resultado do laudo divulgado nesta segunda-feira (1º) para as autoridades da Argentina, onde Jango morreu, para embasar o processo de investigação sobre a morte do ex-presidente. João Vicente também cobrou que o MPF instaure uma ação para ouvir agentes do governo norte-americano supostamente envolvidos em uma trama para matar Jango.

“A família, diante dessas circunstâncias, sabemos que nós vamos continuar lutando. Vamos para a Argentina e, com esse laudo produzido pelo nosso governo, tentar criar novas condições de que a Argentina, se o Brasil não fizer isso, fazer a oitiva dos agentes que estão nos EUA”, afirmou.

De acordo com os laudos sobre a exumação dos restos mortais de João Goulart divulgados hoje, não é possível afirmar se a causa da morte do ex-presidente da República foi natural ou violenta. 

Segundo João Vicente Goulart, dois agentes já ouvidos pelos governos do Chile e do Uruguai teriam tido participação na execução de lideranças políticas contrárias aos regimes ditatoriais latino-americanos. A ação fazia parte de uma operação conjunta entre ditaduras do Cone Sul apoiada pelo governo norte-americano. A ação conjunta foi batizada de Operação Condor.

João Vicente diz esperar que o MPF convoque os dois agentes, Michael Towley e Ronni Moffit, para depor sobre o caso. “Cabe ao Ministério Público, em nome da democracia brasileira, que eles continuem e que transformem a investigação em ação cautelar pedindo a oitiva dos agentes norte-americanos. Outros países já fizeram”, afirmou.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, disse que o processo de apuração sobre as causas da morte de João Goulart deverá continuar. 

“Esse processo deverá continuar a partir do processo investigatório tanto do Ministério Público Federal brasileiro quanto do que está sendo feito na Argentina”, afirmou Ideli. A Argentina também investiga as circunstâncias da morte de Jango, que morreu em solo argentino em 1976.

"Esta oitiva desses personagens americanos é uma ação que decorre do MPF, do inquérito que está aberto no MPF. Vamos acompanhar muito atentamente tantos os procedimentos junto ao MPF e a possibilidade de a investigação avançar na Argentina", disse a ministra.