Dilma diz a movimentos sociais que nunca mudou de lado
Em discurso feito durante encontro com integrantes de movimentos sociais e centrais sindicais na tarde desta quinta-feira (13), a presidente Dilma Rousseff (PT) evitou se comprometer com o atendimento de reivindicações, mas procurou reafirmar sua ligação com os trabalhadores e os setores mais pobres. Disse que pode ou não atender pedidos, mas que nunca mudou de lado. “Sei de que lado estou”, declarou sob aplausos.
Chamado de “Diálogo com Movimentos Sociais”, o encontro foi realizado no Palácio do Planalto, em Brasília. Antes e durante o discurso, os simpatizantes cantaram "não vai ter golpe", entre outros gritos de apoio à presidente.
"No passado foi possível fazer o País para menos da metade [da população], para um terço. Hoje isso é inadmissível", disse Dilma. "Quem sempre teve dificuldade de compreender as diferenças foram as elites do nosso país".
Líderes dos movimentos e de centrais sindicais discursaram antes dela e criticaram a oposição à presidente. Manifestaram apoio à petista, mas também fizeram ataques ao ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e à agenda de propostas que o governo discute com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
“Não aceitamos que o povo pague a conta da crise, um ajuste fiscal que fira direitos trabalhistas e corte direitos sociais", disse o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos. "Que se ajuste com a taxação das grandes fortunas, taxação dos bancos e auditoria da dívida pública".
A presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral, reivindicou participação nas discussões de propostas para o país. "Também queremos discutir a agenda para o Brasil, principalmente pós-ajuste fiscal e pós-crise econômica. Queremos que a senhora coloque o pé no acelerador", declarou.
Dilma não respondeu diretamente a nenhuma reivindicação dos movimentos sociais e centrais sindicais. Em seu discurso, citou programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos, falou que o governo precisa economizar e que tomará medidas para a economia voltar a crescer. Também adotou um tom pacificador e em defesa da democracia.
“Temos de zelar pelo respeito que as pessoas que pensam diferente da gente têm de receber. Xingar não é diálogo. Diálogo é diferente de pauleira. Botar bomba não é diálogo”, afirmou. Em referência aos protestos contra ela marcados para o próximo domingo (16), disse não ver “nenhum problema” em manifestações populares.
Armas
Durante o encontro, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, criticou os que defendem o impeachment de Dilma e afirmou em discurso que os movimentos sociais precisam ir às ruas “entrincheirados, com armas na mão, se tentarem derrubar a presidente".
"O mercado nunca deu e nunca dará sustentação ao seu governo. O povo dá sustentação ao seu governo", disse Freitas. "Queremos também que governe com a pauta que ganhamos na eleição passada e não com recessão".
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